O início de um novo governo é sempre cheio de desafios… Colocar a “casa em ordem” e garantir a prestação de um serviço público adequado para todos, são questões que fazem parte da rotina dos novos gestores, assim como apontar os erros de um passado recente, que comprometem o bom atendimento ao cidadão.
Dentro deste cenário, o atual governo – em especial a Secretaria de Obras, Habitação Popular e Mobilidade Urbana – tem encontrado inúmeras dificuldades dentro dos prédios públicos municipais.
São problemas estruturais graves que foram ignorados pela gestão anterior e que têm comprometido, e muito, a qualidade do atendimento ao público.
De acordo com a Secretaria de Obras, mais de 20 prédios públicos apresentam problemas estruturais e possuem falhas graves na execução dos projetos.
Até mesmo prédios novos, recém-inaugurados e que, em alguns casos nunca funcionaram, estão comprometidos em sua maioria, pela falta de um sistema de drenagem adequado e uso de materiais de baixa qualidade.
Dentre os prédios novos com problemas estruturais estão o ESF (Estratégia Saúde da Família) “Dr. José Antônio Seixas Pereira” (Alto do Mirante -Vila Dias, Zona Leste) e os Cempi’s (Centros Educacionais Municipais de Primeira Infância) “Dirce Aparecida Lenhari” (Jardim Europa, Zona Leste), “Maria Iolanda Posi Donatti” (Parque Real, Zona Sul) e “Cely de Abreu Sampaio de Amoedo Campos” (Residencial Floresta, Zona Sul).
“Não houve fiscalização na execução do trabalho e a empresa que fez as obras, executou o serviço de forma inadequada. Eles não cumpriram o Memorial de Execução, que é um procedimento técnico obrigatório. Essa fiscalização era de competência da equipe de Planejamento da gestão anterior, mas não foi feita. O resultado é que temos prédios novos em processo de deterioração por infiltrações. Infiltrações essas, causadas por telhados mal feitos e calhas mal dimensionadas”, ressaltou o secretário de Obras, Paulo Roberto Tristão.
Além dos prédios públicos novos, os antigos também acumulam problemas no sistema de drenagem. Foram utilizados materiais de péssima qualidade e, com isso, as calhas estão enferrujadas e os telhados, sem qualquer manutenção há anos, seguem com telhas quebradas, gerando infiltrações.
Reforma
Outros dois prédios públicos municipais necessitam de reforma imediata. São eles: o Cemaae (Centro Municipal de Apoio Especializado) “Rachel Ramazzini Mariotoni” e o Cempi “Fortunata Bertolazzo Albano”, na Santa Cruz.
No Cemaae, a obra foi executada em 2012 sem qualquer fiscalização. Portanto, houve falha na execução do projeto, especialmente no que se refere à compactação do solo. Com isso, o piso cedeu em vários pontos e parte do prédio precisou ser interditada.
No Cempi, a falta de manutenção agravou antigos problemas. Há manchas de infiltração por todo o prédio escolar, telhas quebradas, sistema de drenagem fora dos padrões e piso cerâmico todo estufado. Além disso, as salas de aula apresentam trincas e precisam de reparos urgentes.
Terras de Mogi
Outro local que apresenta graves problemas estruturais é o Condomínio Terras de Mogi, localizado no final da Avenida Expedito Quartieri, Zona Leste. Atualmente, cerca de 300 famílias residem no local, com infraestrutura precária.
Segundo a Secretaria de Obras, o condomínio foi entregue em 2016 sob responsabilidade da CEF (Caixa Econômica Federal) e da BM Engenharia, de Poços de Caldas.
“Toda a obra foi feita em cima de um pré-projeto. Não há na Prefeitura um projeto de fato aprovado, com avaliação da equipe de arquitetos e engenheiros. Ou seja, toda a obra foi feita sem um parecer técnico e ocasionou problemas gravíssimos que, inclusive, colocam em risco a segurança das famílias que residem no local” afirmou Tristão.
Um dos principais problemas do condomínio é o sistema de captação de águas pluviais.
A tubulação para este tipo de condomínio residencial deve ter, no mínimo, 50 centímetros de diâmetro. No Terras de Mogi a tubulação tem apenas 30 centímetros de diâmetro, ou seja, não suporta o volume de água a ser drenado. Com isso, a tubulação se rompeu no final do ano passado e deslocou um aterro existente no local, sob dois blocos de apartamentos.
A Secretaria de Obras realizou um procedimento emergencial no local – ainda durante o Governo de Transição – com a colocação “rachão” para conter o processo erosivo.
Embora paliativa, a solução estabilizou o solo e não houve necessidade de retirar as famílias de suas casas. Porém, o problema segue sem solução, mesmo tendo que ser sanado o mais rápido possível.
“A Caixa Econômica Federal e a BM Engenharia já foram notificados judicialmente. Providências imediatas precisam ser tomadas a fim de solucionar o problema e garantir a segurança dos moradores. A pedido do prefeito Paulo Silva, a Secretaria de Obras não está medindo esforços em auxiliar os moradores do Terras de Mogi. Por isso, os responsáveis pela obra (Caixa Econômica Federal e BM Engenharia) deverão ser processados civil e criminalmente, e ainda terão de indenizar as famílias afetadas pelo problema estrutural do condomínio”, comentou Tristão.
Infraestrutura
Outra “herança” da gestão anterior foi a falta de manutenção e investimentos na infraestrutura de drenagem do município.
O resultado: frequentes pontos de alagamento nas proximidades do Complexo Lavapés, na Avenida Pedro Botesi, às margens do córrego Santo Antônio e no trecho que compreende o túnel Mário Covas, na Zona Leste.
A Secretaria de Obras já está elaborando um dossiê completo dos problemas para poder levantar os custos de cada obra necessária. Os projetos devem ser elaborados ao longo de 2021 para que, a partir do ano que vem, sejam executados. (Da Redação)