Desde o princípio, o governo de Gustavo Stupp (PDT) declara situação de crise. Logo quando assumiu, o prefeito disse ter encontrado o Município com recursos escassos. Nesses três anos de mandato, não foram poucas as notícias sobre novas nomeações ou mudanças na reestruturação de cargos e secretarias.
Tal crise, que sem dúvida reflete também o atual momento financeiro e econômico do Brasil, é, antes de tudo, o resultado de uma administração pouco eficiente, que pareceu levar mais em conta a camaradagem com seus comissionados do que o próprio dever com o Poder Público.
Na última sexta-feira, durante coletiva de imprensa sobre a redução do quadro de funcionários, Stupp afirmou: “neste momento a sociedade espera mais responsabilidade do que camaradagem”. Tanto o prefeito quanto a sua equipe de governo devem ser responsáveis sempre, em quaisquer circunstâncias, seja em tempos de bonança ou de dificuldades financeiras. Isso é o mínimo que os munícipes esperam.
Desde fevereiro, quando o prefeito decidiu suspender os eventos de Carnaval, o cenário financeiro já dava indícios de retração. Então, por que as medidas mais severas para conter a crise só foram tomadas agora, quase ao fim de sua gestão?
Só recentemente a Prefeitura adotou uma serie de medidas – algumas até questionáveis – para conter gastos. Primeiro, publicou um decreto pedindo economia em contas de água, telefone, energia e no uso de ar-condicionado e ventiladores, depois cancelou os desfiles cívicos e, em seguida, anunciou a redução do expediente para seis horas de trabalho.
A mais severa delas, que já deveria ter sido providenciada há tempos, foi o corte de 35 cargos, entre secretários municipais, comissionados e outros de funções gratificadas (FG), no caso, servidores de carreira. De 74, o número de comissionados, incluindo os secretários, caiu para 38.
O objetivo, segundo a Prefeitura, é garantir, sobretudo, o pagamento do 13º salário dos servidores. Contudo, em uma boa administração a questão salarial nem estaria em jogo. É dever básico pagar corretamente os funcionários.
Além dos cortes, o prefeito também anunciou a redução do salário em 20%. Se fosse levado em conta o mérito do seu desempenho até o momento, Stupp deveria abrir mão de 50% do que ganha, no mínimo. Até mesmo porque se ele fosse executivo de uma empresa, já teria sido demitido.
O coleguismo entre os membros do governo pareceu ter tomado proporções exageradas. Tudo indica que esses gastos “camaradas” dificultaram ainda mais o cenário de investimentos em prol da própria cidade. Mogi Mirim já está pagando caro.