Contagiante, as batidas do funk estão cada vez mais inseridas na sociedade. Seja pelos alunos das escolas, sons de carros que passeiam pelas ruas ou nas casas noturnas, o ritmo está sempre sendo lembrado. Você até pode não gostar, mas o funk está aqui, faz parte do nosso cotidiano e é pura expressão do povo, assim como os demais ritmos existentes. O funkeiro Mr. Motta é um dos expoentes do ritmo na região.
Mr. Motta é o nome artístico de Clayton Motta Oliveira Pinto, músico que há cerca de um ano resolveu investir na carreira de funkeiro. Antes Clayton atuava em grupos de pagode. “Já tentei grupos de pagode, paramos, e com essa onda do funk pensei: vou tentar. E está dando certo”, disse ele, apesar de ainda não ter empresário e estar procurando dançarinas.
Está dando certo mesmo! Ainda nesse mês Mr. Motta irá gravar seu primeiro videoclipe da música chamada Nosso Mundo, um funk ostentação. Em trecho da letra, Mr. Motta diz “nóis tem red, nóis tem black, gold absolut. Nóis é os meninos que as novinhas curti. Tudo que eu toco se transforma em ouro. Elas enlouquecem com nosso poder. Vem pro nosso mundo que você vai entender”.
“A música Nosso mundo é bem ostentação, fala de um mundo que muitos gostariam de viver, com carros, casas legais, viagens, bebidas. Essa é a realidade da molecada da periferia que quer ter um carro, uma casa boa, poder viajar”, explicou Mr. Motta.
Apesar de a música Nosso Mundo ser um funk ostentação, Mr. Motta explicou que o foco de sua carreira é trabalhar com o funk melody. “O melody é mais de amor, de curtição, é curtir a vida naquele momento”, disse ele ao mencionar as músicas do funkeiro Naldo para exemplificar. Existem ainda outras vertentes do funk, como o proibidão, aquele que fala de polícia, por exemplo, e os sensuais.
Além de Nosso Mundo, o funkeiro também já produziu a música Ela é atraente e agora trabalha na composição da letra chamada Ousada. Mr. Motta revelou que às vezes demora muito para escrever uma letra porque como nunca gostou de estudar a língua portuguesa acaba tendo dificuldade com as palavras: “Acabo demorando muito porque nunca gostei de português e nem leio jornal. Então, sem conteúdo fica difícil. Hoje, vejo que quanto mais você conhecer, mais fizer leitura, mais fácil fica de colocar as ideias no papel”. Logo, uma frase do poeta chileno Pablo Neruda faz imenso sentido para a colocação de Mr. Motta. O poeta diz assim: “Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias”.
Ler, escrever mais e também trabalhar a voz são essenciais na carreira de qualquer músico. Por isso, o funkeiro também faz aula de canto, sabiam? Não basta pensar que está embaixo do chuveiro e começar a fazer o batidão que começa com tchu, tchá, tchá, tchu, tchu, tchá… Tem que ter, meu bem, conhecimento!
“Você precisa aprender a trabalhar com seu instrumento, que é a voz. Precisa alongar, aquecer, saber os tons”, destacou.
Nos shows de Mr. Motta a voz é seu principal instrumento, que é acompanhada das batidas realizadas pelo DJ Danilo, de Itapira, que é focado em trabalhar com funk. É, existe até DJ específico!
Preconceito
Em Mogi Mirim, Mr. Motta disse que há bastante preconceito em relação ao funk. É o público de classes mais inferiores que acaba participando dos eventos com frequência. Ele disse que até conhece pessoas de classes mais favorecidas que gostam do funk, mas o problema é que o estilo ficou tão rotulado que o público acaba deixando de se divertir por preconceito. É como se o funk só fosse feito para a periferia, o que não é verdade!
Em cidades maiores, e até em Campinas, Mr. Motta, que já fez bastante eventos por lá, disse que a situação é diferente. Não há distinção, qualquer pessoa vai para o funk e se quiser desce até o chão! Há problema nisso. Onde?
Show
Quem quiser conhecer o trabalho de Mr. Motta pode conferir sua apresentação no dia 29, na casa noturna Thunder, de Mogi Mirim. O nome da festa é Pagold Mania. Haverá show com Pikeno e Menor, MC Gold da Sp, Mr. Motta, MC da Norte, pagode com Philosofia e DJ Ariel.