O início da administração de Carlos Nelson Bueno (PSDB) vem seguindo o script traçado desde o ano passado, seja na campanha ou após o resultado final, que o galgou para seu terceiro mandato como prefeito de Mogi Mirim: de extremas dificuldades e sérios problemas administrativos dentro do Poder Público, a começar pelo aspecto financeiro. Nestes pouco mais de três meses de gestão, vem chamando a atenção, além das centenas de percalços encontrados diariamente pela equipe de governo, nas mais diversas secretarias, o tom crítico, preocupante e temeroso tanto do prefeito, como dos principais nomes de sua equipe. O muro de lamentações não para, cresce a cada dia e parece que irá perdurar por muito tempo. Senão, por toda a Administração.
Em suas aparições públicas, tanto em entrevistas coletivas como em encontros na Câmara Municipal, sempre que tem o microfone em mãos, Carlos Nelson não faz questão de esconder o momento delicado da Prefeitura, em suas palavras, precaríssimo, sobretudo, o financeiro. O momento de maior destaque dentro do muro de lamentações foi presenciado no plenário do Poder Legislativo no último dia 23, na audiência pública que apresentou o balanço do terceiro quadrimestre do ano passado. Já no fim do encontro, o prefeito pediu a palavra e não poupou palavras: disse que o Executivo capenga e pode até quebrar caso medidas de intenso impacto não sejam tomadas, aliado a uma provável recuperação da economia do país, tão capenga quanto desde o ano passado, e com perspectiva de melhora a longo prazo.
“Não sonhem”, “não tem milagre”, ““ano de caos” e “terrível” foram alguns dos termos utilizados por ele em seu discurso, deixando todos que acompanhavam a audiência preocupados. Não menos realista, mas mais comedido, Roberto expôs uma situação financeira tenebrosa, com dívida de precatórios na casa dos R$ 13 milhões, que pode chegar a R$ 80 milhões até 2020, pagamento das férias para os servidores e professores, todas em atraso, e que chegam a R$ 4,6 milhões, pendências com fornecedores, prestadores de serviços, entre outros. Sem dotação orçamentária e com limite da Lei de Responsabilidade Fiscal perto de ser quebrado, existe até a possibilidade de atraso no pagamento e demissões. Um verdadeiro caos.
O momento é de muito trabalho. Já é hora de Carlos Nelson cessar as reclamações, conhecidas por toda a população, e comprovar sua eficiência como gestor público. É ele o responsável por tentar colocar a cidade nos trilhos. Cabe apresentar, de forma detalhada, o que pretende fazer para suprir essas dificuldades, anunciar detalhes de seu planejamento, ser mais amplo. A impressão é que apenas fechar a torneira dos gastos e pedir apoio de vereadores e munícipes não bastará. O buraco é fundo e ao invés de ter fim, parece só aumentar. Mogi Mirim agoniza e precisa ser salvo.