Na noite da última quarta-feira, a Instituição de Incentivo à Criança e ao Adolescente, ICA, recebeu o diretor executivo do Instituto Anima Mundi, conferencista internacional e também consultor em educação e valores humanos e desenvolvimento social da Organização das Nações Unidas (ONU), Luis Henrique Beust, para uma palestra que teve como tema: O caminho verdadeiro da felicidade. O auditório do ICA ficou repleto de pessoas para acompanhar o evento, que contou ainda com o lançamento do livro chamado Afinal, por que sofremos?
Beust, que já viveu em Mogi Mirim, afirmou sua alegria em estar na cidade novamente para a realização do evento, falou ainda de seus laços com o município e pessoas, e ressaltou que é muito importante diferenciar, antes de mais nada, os conceitos alegria e felicidade.
Ele explicou que alegria são situações momentâneas de satisfação por quais passam os seres humanos, como, por exemplo, estar alegre por conta de seu time ter ganhado um jogo, ter feito um churrasco com as pessoas que gosta e ter um fim de semana na praia. Isso é a alegria, sendo breve e com prazo para findar. Enquanto que, segundo sua explicação, a felicidade é duradoura, profunda e permanente. Ou seja, ela não termina quando as situações em que a alegria foram provocadas deixam de existir.
“A alegria depende de coisas boas, enquanto que a felicidade é algo mais profundo e permanente, é um estado de espírito. Ela é despertada quando eu sei para o que eu vivo, sei o que vou dar e receber do mundo. Uma pessoa pode ser profundamente feliz (amo a Deus, sou grata pelo que tenho e sou, sirvo ao próximo, etc.), mas estar triste por determinada situação, como por seu cachorrinho estar doente, por exemplo”, explicou o palestrante.
As pessoas que não se sentem felizes, de acordo com Beust, são indivíduos que buscam constantemente momentos de alegria para se sentirem preenchidas. “Hoje em dia as pessoas infelizes buscam tapar o sol com a peneira, buscam carro, dinheiro, posição, por sentirem um vazio enorme. Para estarem alegres precisam beber, usar drogas, fazer sexo de forma descontrolada. Sendo que, na verdade, essas vidas são vazias e destinadas aos naufrágios. Ninguém nunca viu alguém afundar nas drogas e ficar cada vez melhor, não é?”, questionou.
A felicidade, portanto, é um estado permanente e que, como Beust explicou, uma vez alcançada, não se perde mais. Mas como fazer para alcançar a felicidade permanente?
O palestrante disse que a felicidade deve ser construída dentro de cada pessoa e que as bases para a edificação são as virtudes, o comportamento espiritual de cada um. Ele acredita que os problemas que hoje a sociedade vive, capazes de afetar diretamente o ser humano, são por conta da falta de virtudes das pessoas. Algumas virtudes são: amor, compaixão, bondade, paciência, perdão, perseverança e generosidade. Ou seja, a virtude não está no mundo e na matéria, mas dentro de cada pessoa, que precisa encontrá-la.
Beust ainda frisou sobre a importância de refletir sobre a questão da dor, àquela por quais as pessoas passam cotidianamente, seja por conta de problemas financeiros, amorosos, de saúde, etc. Ele disse que a vida é assim mesmo, mas que é importante encontrar na dor a sabedoria. Inclusive, para tratar sobre a confusão que os caminhos são e as necessidade de superação, o palestrante citou por inúmeras vezes o escritor brasileiro Guimarães Rosa, de quem disse ser um grande admirador. Beust usou a seguinte frase: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.
“Veja uma planta. O que a gente faz para ela ficar bonita? Poda. Parece um ato de brutalidade. Mas logo vem a primavera (…). Se trazemos uma pedra preciosa de uma mina, começamos a cortar e a cada fatia que cortamos uma luz aparece. Ela só mostra o que tem dentro de si depois do corte. A mesma coisa com a terra; com a violência do arado, a terra se capacita a sustentar as sementes. A vida toda será de constante morte e renovação. Nós morremos crianças para nos tornar jovens, morremos como jovens para nos tornar adulto e isso pode acontecer todo dia. Todo dia é um aprendizado. A felicidade precisa ser construída e a vida é uma oficina de almas. A chave da felicidade é conseguir transcender e não ser escravo da matéria”, explicou.