Entre os investidores e empresários se ouve falar do chamado “Custo Brasil”. Grande parte desse decorre da burocracia, e especial, do enorme dispêndio de tempo e de dinheiro para se provar que se está a dizer a verdade em cada situação.
É curioso notar os motivos das exigências burocráticas. Tomemos um exemplo. Alguém, em algum lugar, resolve fraudar um determinado documento, lançando nele assinatura falsa. A notícia chega à Brasília, onde se resolve “regulamentar”: a partir de então será necessário assinar diante de um notário queirá reconhecer a assinatura por autenticidade. Com isso, os cidadãos de bem terão custos enormes para provar, a todo momento e em milhares de situações, que não estão falsificando o documento, ao passo que os criminosos, com uma agilidade espantosa, saberão driblar facilmente a nova exigência.
Mais preocupante ainda é uma concepção generalizada entre nós de que as pessoas mentem, a menos que se tomem complicadas e custosas exigências para provar o contrário. Lembro de quando fui parado por um Policial Rodoviário. Procurei os documentos no local de costume e não os encontrava. Notando a minha ansiedade, a minha filha, então com cinco anos, perguntou: “Pai, o que ele (o policial) quer?”.
“A minha carteira de habilitação e os documentos do veículo”, respondi enquanto procurava, nervoso, no porta-luvas. “Pra quê?”, insistiu ela. “Pra verificar se está tudo certo, se os documento estão em ordem”, respondi já aliviado por tê-los encontrado. “Pois diga a ele que está tudo em ordem”, disse ela em sua simplicidade, ainda não contaminada por essa cultura da desconfiança.
Penso que é possível reverter essa situação. Transcrevo o relato de um amigo que pode nos ajudar nisso:
“Em casa, sempre prestigiamos que digam a verdade, por pior que seja o erro. Digo aos meus filhos que uma mentira para encobertar um erro multiplica por mil a malícia da conduta errada. E, ao contrário, reconhecer o erro e demonstrar sério arrependimento abranda enormemente a consequência.Por outro lado – prossegue ele – muitas vezes enfrentam situações de injustiça no colégio. É que, não raras vezes estão envolvidos em travessuras, de certo modo compreensíveis pela idade e imaturidade, porém, assumem o erro, tal como ensinamos. E, como a escola nem sempre prestigia adequadamente dizer verdade, é frequente sofrerem punições, enquanto outros espertalhões, mentirosos e covardes, permanecem impunes”.
Penso que o desabafo desse pai deveria ser meditado a sério. Aliás, por se falar em dizer a verdade na escola, tomemos outro exemplo daquelas exigências