O descontentamento com o sistema político não é novidade. Diante da crise nacional, com os desdobramentos da Operação Lava Jato, os brasileiros têm desconfiado cada vez mais dos partidos. Em Mogi Mirim, o cenário não é diferente. Na enquete de O POPULAR, divulgada na edição do dia 5 de maio, 97% dos internautas responderam que os vereadores não vêm desempenhando um bom trabalho, com quase um ano e meio de mandato. Apenas 3% foram favoráveis ao Legislativo.
A descrença também atinge o Poder Executivo, especialmente a imagem de Carlos Nelson Bueno (PSDB). Isso porque o mandatário tem se mostrado instável em suas declarações. Em uma outra enquete, 85% das pessoas acreditam que o discurso de que o prefeito pode não aguentar terminar o mandato é pura jogada política. Um levantamento realizado pelo Ibope Inteligência, em parceria com a Rede Nossa São Paulo, revelou que a confiança dos paulistanos em relação às instituições públicas apresentou queda em 10 das 13 avaliadas.
Somente 11% dos entrevistados dizem confiar na Câmara Municipal, enquanto 23% demonstram confiança na Prefeitura de São Paulo. Mesmo instituições que recebem tratamento em geral “afável” da mídia tradicional, como o Poder Judiciário e o Ministério Público, registram queda acentuada na confiança desde 2013. O ônus dessa descrença é que, inevitavelmente, ela acaba refletindo nas urnas. Muitos cidadãos preferem se afastar e não participar da votação, ferindo, portanto, o processo democrático.
Segundo uma reportagem do Nexo Jornal, o cenário de desmobilização, descrença e desprezo em relação à política e à democracia pode ser medido em números. Pesquisa Datafolha, publicada em 3 de outubro do ano passado, apontou que a taxa de apoio à democracia entre os brasileiros vem caindo: 66% em 2014, 62% em 2016 e 56% em 2017. Os que preferem a ditadura à democracia passaram de 12% em 2014 para 14% em 2016. Hoje, 17% dão essa resposta, e 21% dizem que tanto faz um ou outro regime.
O que fica claro é que os eleitores se sentem abandonados, ou seja, não representados, já que os eleitos aparentam viver em uma realidade diferente. Os números, expressivamente altos, evidenciam o quanto os mogimirianos estão sem esperança quanto à política municipal, principalmente após quatro anos de uma administração desastrosa, como a de Gustavo Stupp (PDT), e de uma Câmara formada por agentes coniventes, que sempre diziam “Amém” para o então prefeito. Os dados, mais do nunca, devem ser encarados como um sinal de alerta para os parlamentares e prefeito. Uma mudança de postura se faz mais do que necessária.