quinta-feira, novembro 21, 2024
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O desmanche de um governo que mal começou

Toda a expectativa da sociedade com a eleição de Gustavo Stupp (PDT) como prefeito de Mogi Mirim esteve calçada no amplo projeto de governo desfraldado durante a campanha eleitoral, onde foram incorporados temas importantes e sob um viés de modernidade. No discurso, podia-se antever um nova fase para a Administração municipal, resguardadas as desconfianças de quem duvidava da capacidade de realizar tamanha façanha.

Não foram poucos os projetos sabidamente inviáveis, ao menos nos prazos em que foram lançados, como a promessa de resolver os problemas do setor de Saúde em 30 dias. Desconte-se da frustração a percepção de que o contato com a realidade e a objetividade nas projeções não são o forte do prefeito, mais afeito a rompantes de entusiasmo verborrágico.

O caso da nova organização administrativa do serviço público foi emblemático. Anunciado em cores e fantasias, o organograma saiu de uma ideia concebida antes mesmo da posse, passou por várias fases e foi apresentado de forma atabalhoada, com lances de inconstitucionalidades que foram parar no Ministério Público. A nomeação da primeira equipe de governo não foi menos atrapalhada.

Nem todos os cargos foram preenchidos – até mesmo uma enigmática função de gerente de Aviação – dando preferência a nomes de fora da cidade, sob pretexto de acumular experiência e alta qualificação. Agora, passados sete meses, nada menos de 12 secretários se desligaram do governo, a improvisação tomou conta do estafe de Stupp, há secretários defenestrados que ocupam cargos de gerência, em inexplicáveis movimentações que denunciam falta de um plano, de coerência e mesmo de competência.

De todas as qualidades requeridas de um administrador, a capacidade de construir uma equipe capacitada e dedicada é a mais importante. Mais do que saber desempenhar cada função com suas exigências técnicas e peculiaridades, cabe ao gestor se cercar de profissionais qualificados que saibam aplicar sua experiência às metas e projetos determinados pelo líder.

No setor público, ainda mais, uma vez que, na maioria das vezes, os prefeitos são aplicados nos processos políticos e eleitorais, e seria impossível ter o domínio de soluções urbanísticas, de organograma e custos de obras, processos administrativos ou mesmo do indispensável planejamento. A eles, cabe a determinação das diretrizes a serem alcançadas.

Se o organograma visava a dar estabilidade no quadro funcional – e para tanto se ofereceram altos salários -, algo muito grave está acontecendo. As desculpas de interesses pessoais não são cabíveis, até porque era de se prever que assumir funções de responsabilidade na Administração exigiria dedicação integral. O que se vê é um governo sem base, sem rumo conhecido e incapaz de formar uma estrutura para trabalhar. São péssimas referências para um município que esperava novos tempos.

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