Nas últimas semanas, os brasileiros ficaram em choque com os atentados que vitimaram pessoas inocentes, de várias faixas etárias, em escolas. Do ambiente em que se deve aprender, vem uma dura lição. Nem todos os brasileiros ficaram em choque. Há quem compactue com a violência. Há quem se sinta estimulado por um crime para cometer outro.
Uma das discussões sobre o tema foi a respeito da abordagem da mídia. É claro que algo assim precisa ser noticiado. Fato é que, aos poucos, sobretudo os grandes veículos de comunicação, entenderam que, divulgar imagens dos atentados, nome e histórico do assassino, significa dar a ele a glória procurada, encorajando outros facínoras a causar tragédias.
Também é fundamental que tenhamos a compreensão do quanto aqueles que propagam ódio são culpados pela escala de crimes deste perfil em nosso país. Desde 2002, foram registrados 25 atentados em instituições de ensino. Desse total, 72% aconteceram de 2017 a 2023. Os dados somam informações coletadas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Não por coincidência, trata-se de um período marcado por uma política armamentista, miliciana e anticristã. É anticristã a partir do ponto de vista da paixão pela morte. De pessoas favoráveis à tortura. Oras, há uma semana relembramos a Paixão de Cristo e, nela, é Jesus a figura torturada por líderes políticos e religiosos de sua época.
Hoje, crianças e adolescentes se enveredam em uma internet sem regulação. Imagine andar em um shopping em que uma das lojas tem a suástica como logo e propaga o nazismo. O Shopping e a loja seriam punidos, certo? Na internet, esta “loja” segue aberta e jovens são cooptados por estas ideologias que visavam exterminar humanos diferentes deles, tratados como inferiores, e milhões foram assassinados pela tal causa fascista.
Infelizmente, inúmeros agentes políticos e públicos têm propagado tais ideologias e seguem impunes, como se fosse nada demais. O resultado é uma sociedade contaminada pelo ódio, com soldados prontos para matar ou morrer em favor de tais ideias para serem alçados à condição de heróis entre lunáticos que são guiados por líderes nada loucos. Líderes que usam a violência e a cega fé alheia como meio para se empapuçar de diamantes estrangeiros, de ouro de nossas jazidas e de dinheiro vivo para ampliar a coleção de imóveis.
Pesquisem os jornais do final dos anos 1920 e do início dos anos 1930. Normatizavam os discursos violentos, antissemitas, racistas e desumanos de Adolf Hitler e Benito Mussolini, para ficar nos dois expoentes daquela geração. Se não pararmos já a atual geração de fascistas, muito mais crianças e adolescentes que eram estimuladas a fazer “arminha” até em escolas, entrarão armados de verdade nestas mesmas escolas para matar novos inocentes.
Que voltemos à sanidade e que olhemos o ódio como ele deve ser olhado. Do mesmo jeito que uma onda de falas odiosas criou fanáticos soldados da morte neste país, uma onda pela paz tem a chance de contaminar as pessoas pelo bem, arrancando o ódio do coração daqueles que não são genuinamente maus e evitando que novas tragédias nos cause choque.
Até porque, se você normaliza o discurso de ódio, rebaixamento ou de morte a outro gênero, a outra raça, a outra orientação sexual, a outro credo, a outra visão política, a outra visão econômica, você perde o direito do choque pela morte de inocentes. Você faz parte dela.