Caros leitores, Mogi Mirim dá o exemplo para o Brasil. Pensei que nunca diria isso, mas tenho que admitir que a Câmara de Vereadores fez um bom trabalho, com desfecho já esperado, em relação à rachadinha de salário envolvendo o então vereador Samuel Cavalcante (PL).
Exemplo, sim. Porque é raro penalizar político neste país por uma prática tão recorrente como a “rachadinha”. Tão raro e tão recorrente que até parece ser normal. Até parece que não é crime. Por essa prática, comprovada através de testemunho, Samuel Cavalcante foi defenestrado, semana passada, da sua cadeira de vereador a cinco meses do fim do mandato.
O tema ganhou repercussão na cidade em novembro de 2019 com a denúncia de apropriação indevida de parte do salário do ex-assessor parlamentar Adauto Sebastião, configurando, portanto, crime de peculato.
Um ano antes, o assunto ganhou repercussão nacional envolvendo denúncia de rachadinha contra o senador Flávio Bolsonaro, filho do nosso presida. Quem nunca ouviu falar do “Caso Queiroz”. Ainda não deu em nada esse caso, mas vai dar. Mogi deu o exemplo.
Uma forma bastante comum utilizada por políticos é se aproveitar de alguém que está desesperado para conseguir um emprego e fazer com o que o funcionário divida a sua remuneração.
O combinado pode ser, por exemplo, enviar uma fatia do dinheiro para um familiar do político, ou para um ex-familiar, ex-esposa etc.
A rachadinha funciona ainda como forma de aumentar o número de funcionário no gabinete. Neste caso, o contratado é obrigado a dividir sua remuneração com alguém que trabalha com ele – uma forma de dividir o salário de um funcionário entre duas pessoas.
E isso só vem à tona de duas formas. Através de movimentações bancárias suspeitas, o que é difícil de identificar. E por denúncia de um assessor, o que é raro de acontecer. Acontece quando o combinado sai caro. Que o diga o Samuel.
Por hoje, só sexta que vem.
