sexta-feira, outubro 18, 2024
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O futebol amador se despede da alegria de Sherek

Jogo do Flamengo com transmissão para São Paulo. Isso nunca foi comum, mesmo no auge do time rubro-negro, com Zico & Cia. Na quarta-feira, dia 23 de outubro, o duelo do Mengão com o Grêmio, pela Copa Libertadores da América, foi televisionado para todo o Brasil. E foi uma festa. Vitória por 5 a 0 e classificação épica para encontrar o River Plate, dia 23 de novembro, na final, em Santiago-CHI.

A cada gol, as câmeras mostrava a alegria rubro-negra nas arquibancadas. E, para quem assistia, aqui em Mogi Mirim, faltava ali um sorriso. Durante os 90 minutos, o Maracanã pulsou com o pulo e os gritos dos flamenguistas. Mas, faltava ali uma voz. Do céu, Diego Rodrigues Arnizal, o nosso eterno Sherek, viu o sei querido Flamengo chegar à final.

Aos 26 anos, uma das figuras mais carismáticas e vencedoras da atual geração do futebol amador de Mogi Mirim nos deixou. E deixará saudades. E deixará uma lacuna impreenchível. “O Sherek estava sempre dando risada”, relembra Everton Bombarda, dirigente da Tucurense e que conhecia Diego desde garoto. E é desta forma que os amigos e familiares querem se lembrar dele. No dia em que realizaria um dos sonhos de criança, partiu desta vida. A contagem regressiva dos amigos que o acompanhariam na viagem ao Rio de Janeiro (RJ) se tornou as curtidas finais para quem teve a chance de conhecê-lo.

Nascido no Paraná, se mudou para Mogi Mirim com a família, com cerca de 10 anos. O pai, Paulão Arnizal, também sempre foi ligado ao futebol. Na cidade, se tornou responsável pelo Esporte Clube Novacoop, campeão da Série A da Copa Mogi Mirim em 2013. Diego sempre o seguiu. Começou a bater bola na infância e, ainda garoto, jogou na Escola do São Caetano, com o professor Aritana. No Amador, foi zagueiro de equipes como Novacoop e Aliança. Defendeu ainda o Novacoop e o Victória na Copa Society e o Victória na Copa Municipal de Futsal. Foi campeão em praticamente todos os times em que jogou.

Mas, o maior título de Sherek foi entregue por ele aos que conviveram nesta vida tão curta em que esteve conosco. A irreverência, humildade e paixão pelo esporte obrigam até o responsável por escrever a matéria sobre o seu falecimento a pedir licença aos leitores e falar um pouco em primeira pessoa. Não posso dizer que fui um amigo. Honra concedida a quem conviveu com ele de fato. Mas, tive oportunidades de conhecer esta figura. Todas as vezes em que teve solicitada uma palavra para reportagens, atendeu gentil e prontamente.

Em abril de 2017, por exemplo, conquistou o título do Society pelo Victória. Taça que obteve meses após vencer a Série B, pelo Aliança. Ao falar sobre mais um troféu, disse mais sobre quem estava ao lado do que sobre si próprio. “Para mim foi muito importante ser campeão, com esse elenco recheado de craques e também aprender um pouco com eles, não só dentro de campo como fora de campo. Por exemplo, Luciano Bridi, Tibúrcio, Açougueiro, Lira, Bombarda foram campeões várias vezes do Amador. Aí você vê o caráter, humildade, respeito e vontade de vencer”, afirmou à época.

Palavras de quem estava sempre aprendendo. E ensinando. Desta maneira, iniciava a constituição de uma família ao lado da esposa Caroline. A filha, Valentina, ainda um bebê, não teve a chance que muitos tiveram. De conviver por tanto tempo com Diego. Com Sherek. Com o filho da Dona Laura e o irmão do Douglas. No Amador, era assim que ele atendia. Nas dezenas de depoimentos de despedida de amigos nas redes sociais, ainda ramificações do apelido, como Shera e Shera03, a camisa que vestia com muita raça e seriedade.

‘Carregava o piano’ para craques, como o amigo Iago, desfilar arte pelo campo. Ao lado do compadre, conquistou várias taças, como no Society. O meia da Tucurense foi um dos tantos a ter dificuldade para expressar em palavras o sentimento com o vazio criado pela perda de Sherek.

Atual presidente do Novacoop/Aliança na Copa Society, receberá homenagens em vários jogos. Na noite de ontem, teve um minuto de silêncio respeito no duelo entre Jardim Brasília e Décio FC, no Campeonato de Estiva Gerbi. O mesmo deve ocorrer em toda a rodada do final de semana, nos jogos das séries B e C da Copa Mogi Mirim e também no Sub23.

É o mínimo. Diego, o Sherek, era um apaixonado pelos seus clubes de coração. E, acima de tudo, pelo futebol amador. Pelo futebol. Foi assim que se despediu de nós. De ônibus, embarcou para o Rio de Janeiro, na terça-feira, dia 22, com a alegria de uma criança. Conheceria o Maracanã. O Flamengo. Em um desses enigmas da vida, se divertindo na beira da praia e rodeado de amigos, a sua história entre nós teve um ponto final.

Alérgico a camarão, comeu a iguaria pela primeira vez na vida. Ninguém poderia imaginar que um gesto tão singelo resultaria em algo tão marcante. Segundo o relato dos amigos que estavam com ele, minutos depois de comer o camarão, teve uma reação alérgica. A caminho de uma farmácia, desmaiou. Eles ainda conseguiram uma carona, foram a um hospital próximo, mas, Diego não resistiu.

O sonho de conhecer o Maracanã esteve tão perto. Os amigos, que retornaram para Mogi Mirim ainda na tarde de quarta, venderam os ingressos e levantaram dinheiro para ajudar a família de Sherek com as despesas burocráticas de um momento como este. O velório foi realizado durante esta quinta-feira e o enterro aconteceu nesta sexta, dia 25, no Cemitério Municipal da Saudade.

E quanta saudade… A todos os familiares de Diego, o mais sincero voto de pesar. À comunidade do futebol amador, que o amor de Sherek pelo esporte não seja em vão. Que o legado dele seja de amizade acima de tudo, de diferenças deixadas de lado e de respeito por todos aqueles que compartilham da mesma paixão.

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