Eu gosto de ter acesso a histórias variadas e nas últimas semanas fiquei extremamente mexida com a reportagem que, primeiro, assisti no Fantástico, no domingo, e que, depois, acabei tendo maior contato devido ao site da revista National Geografic (no site), que fez uma reportagem especial sobre transplante de rosto. A revista, edição de setembro, e o programa mostraram a história de uma moça, a Katie Stubblefield, de 21 anos, dos Estados Unidos, que recebeu um transplante facial em busca da reconstrução de seu rosto, que estava deformado devido a um tiro, gerado por uma tentativa de suicídio, aos 18 anos, devido a problemas emocionais. O rosto foi doado pela avó de uma mulher, de 31 anos, que faleceu em decorrência de uma overdose. A jovem era doadora de órgãos e a avó seguiu os desejos da neta. Há anos, Katie aguardava por um doador. E, eu reclamando nas últimas semanas que enjoei da minha cara. Foi um soco no estômago ter acesso a esta história. Queria compartilhar.
Esse não foi o primeiro transplante de rosto a ser realizado, já houve outros. Mas a história ganhou o cenário além dos Estados Unidos por conta de Katie ser a mais jovem norte-americana a passar pelo transplante. Em minhas pesquisas pelos sites afora encontrei a informação de que ela foi a 40ª pessoa a passar pela cirurgia. Segundo o site da Folha de São Paulo, em uma reportagem divulgada em 30 de novembro de 2005, foi naquele ano que o primeiro transplante parcial de face teria sido feito. No caso, parcial.
A cirurgia de Katie foi feita ainda de forma experimental e acabou financiada pelo Instituto de Medicina Regenerativa das Forças Armadas. Eles investem neste tipo de procedimento para tratar de militares que acabam sendo feridos em operações. Olha isso!
Ao final da cirurgia, Katie teve o rosto reconstruído, mas ainda deve passar por outros procedimentos para melhorar a aparência. Ela também deverá tomar vários remédios para minimizar as chances de rejeição da face.
Tudo foi muito impressionante para mim, mas o programa também mostrou um trecho em que a avó da moça doadora do rosto acabou se encontrando com Katie. O encontro foi emocionante. Fiquei pensando como deve ser saber que você auxiliou uma pessoa a ter novamente o rosto (e mais, a vida) reconstruído, mas que isso também dava o pensamento de que aquele rosto era antes de sua neta. Não que a Katie tenha ficado com o rosto da neta doadora, mas foi a pele dela que foi implantada ali, naquele outro rosto, ganhando vida novamente.
A medicina está fantástica e se eu não aguentava mais meu rosto há duas semanas, quero dizer que me arrependi de pensar sobre aquilo. A vida mostra coisas, dá lições, mas é preciso estar atento. Vocês conseguem reparar nessas lições também?
Ludmila Fontoura é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Puc-Campinas, além de Historiadora e pós-graduada em História Social pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada de Mogi Guaçu, as Fimi.
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