sábado, novembro 23, 2024
INICIALOpiniãoEditorialO “intocável” Palácio de Cristal

O “intocável” Palácio de Cristal

Desde a última legislatura da Câmara Municipal, na composição conhecida como “bancada do amém”, a atual sede Administrativa do Poder Legislativo, o imóvel espelhado ao lado da Matriz de São José, na Praça Rui Barbosa, apelidado como Palácio de Cristal, se tornou assunto de proporções políticas poucas vezes vistas nos últimos anos.

Intermediado pelo ex-prefeito Gustavo Stupp e com o consentimento do ex-vereador e presidente da Mesa Diretora, João Antônio Pires Gonçalves, o João Carteiro, vereadores e assessores ocupam as vielas no imóvel, que em pouco tempo de construção já chegou a apresentar até danos estruturais, já com a legislatura atual em seu interior. Aliás, foi com a nova safra de vereadores que um verdadeiro motim surgiu dentro da Câmara, com o foco exclusivo na saída. Uma comissão especial, presidida pelo vereador Cristiano Gaioto (PP), foi criada logo no início da legislatura.

O fato é que passado quase um ano e meio, nada mudou. Reuniões foram feitas, debates realizados, ideias colocadas em pauta, mas pouco resultado em termos práticos. E são perto de R$ 26 mil pagos mensalmente. Agora, a responsabilidade recai sobre o paciente Jorge Setoguchi (PSD).

Pela primeira vez, o vereador abriu o jogo e desabafou, admitindo pressão pela saída, afirmando se tratar de um desejo próprio reformar a antiga sede da Câmara e que a cobrança externa causa desconforto, conforme reportagem publicada em O POPULAR em sua edição do último sábado.

Sim, cabe a Setoguchi intermediar as negociações para a reforma e a quebra de contrato com o proprietário do Palácio de Cristal, em cifras em torno de R$ 700 mil. Mas, é preciso união. Setoguchi disse à reportagem não ter conversado com Higino esse ano, o que pode ser considerado incoerente ao seu desejo, o de mudança. Não dialogar com quem pode dar o sinal verde para a saída mostra um misto de prudência e temor. Ao que tudo indica, falta planejamento e coragem. Mas ele não pode ser o único responsável.

E os outros 16 vereadores? Onde está a comissão? A empolgação vista lá atrás desapareceu? Nas sessões da Câmara, pouco se fala do Palácio. A impressão é que o conformismo tomou conta de todos e a sede agrada, embora possa encontrar resistência de uma ou outra pessoa. Sem união, a situação seguirá na mesma.

Setoguchi é o homem da caneta, mas não faz nada sozinho. O vereador que tiver pretensão de assumir seu lugar, em janeiro de 2019, precisa ter ciência que será o próximo alvo da ira da população e da fúria, mesmo que momentânea, dos demais vereadores. O momento é o de vestir a camisa e honrar a promessa. Hoje, a imagem da atual Câmara Municipal já está arranhada pelo episódio. Passou a hora de acordar, vereadores!

RELATED ARTICLES
- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments