Uma criança que passa parte da noite assistindo TV Justiça parece não ter como fugir da advocacia. Isto aconteceu com Aluisio Bernardes Cortez, de 34 anos. Nascido em Votuporanga-SP, mas sempre residente em Mogi Mirim, o hoje advogado focado em causas trabalhistas sempre foi uma pessoa curiosa, com a intenção de saber o que era certo e errado e o motivo de existir uma determinada lei. Mas, a sua primeira lembrança sobre a área em que hoje atua é mesmo inusitada.
“Na minha época não tinha tanta variedade de canais e, quando terminava o jornal, eu ficava assistindo a TV Justiça. Eu gostava muito de como os advogados se portavam, a postura do magistrado, o vocabulário jurídico e tudo aquilo me chamava muito a atenção”. Tudo caminhou para a entrada na Faculdade de Direto, cursada em Mogi Mirim. Depois, fez pós-graduações na área trabalhista pela Anhanguera e pela FGV, além de vários cursos de extensão curricular.
Em meio a tudo isso, existiu ainda a insegurança sobre o futuro na profissão escolhida. Afinal, Aluisio, também conhecido como Luisinho, precisava de renda para pagar as contas. Os estágios na área surgiram, e eram prazerosos, confirmando a opção acertada. “Eu precisava de um salário. Eu terminei todo o curso, mas sem ter muita certeza se iria conseguir atuar na advocacia”.
Nestes momentos de incertezas, o surgimento de pessoas boas no caminho é vital. Já conhecido da família, o advogado José Carlos Adorno, que atualmente é seu sócio no escritório, abriu as portas. O profissional trabalhava em várias cidades, como São Paulo, Campinas e Hortolândia, mas precisou abrir um escritório em Mogi Mirim para manter seus arquivos. Certa vez, na casa do advogado que estava quase se formando, ficou sabendo da história de Aluisio, que foi convidado a usar a sala já alugada por Adorno.
Com o respaldo de um profissional já consolidado, deixou a empresa em que trabalhava e arriscou. Foi a chance para se desenvolver na área. Começou a receber os primeiros casos, a construir seu portfólio. Mesmo com tal retaguarda, se sentia envergonhado em perturbar o mestre. Foi então que começou a fazer cursinhos, que tinham o objetivo concreto de prestar concursos públicos, mas que terminou como a alavanca final para a definição da carreira.
Em meio a outros advogados, sobretudo os experientes, ampliou o conhecimento. Com as informações dos cursos, mas também das perguntas feitas aos próprios colegas nos intervalos. Destes papos, surgiram casos. Dos casos, o entendimento de que a área trabalhista era o seu destino.
“Foi meio que por exclusão que surgiu. Os advogados que viviam mais perto de mim tinham um certo repúdio pela área trabalhista e sempre havia problemas nesta área. Então, foram me passando serviço e pensei, é a chance de escolher algo que poucos fazem”. O problema é que, se fosse a bel prazer, o segmento seria um dos últimos. Cálculo não era algo tão agradável, mas, desafiou. Fez cursos do assunto e de liquidação de sentença até encontrar a adaptação na área. Hoje, garante. Trabalha com prazer.
“As pessoas me perguntam porque eu trabalho tanto, até tarde. Mas é gostoso, é gratificante. Primeiro, por ajudar as pessoas. Afinal, quando alguém vem atrás do advogado, ela está precisando de ajuda. Então é gostoso já nisto, você poder ser aquela pessoa que vai resolver um problema ou que vai ajudar a enfrentar uma dificuldade que ela está tendo. E é ainda mais gratificante quando consegue, quando tem aquele êxito. Ligar para o cliente e dar a notícia boa. É o mais gratificante”.