José Maria Cardoso de Vasconcellos, o Padre José, nasceu em Braga, Portugal, no dia 21 de dezembro de 1811, vindo para o Brasil em 1839. Durante quatro anos trabalhou na Paróquia de São Paulo e, em 1843, foi nomeado Vigário da Paróquia de São José, em Mogi Mirim. Foi o sacerdote recordista a frente dessa paróquia, mais de 36 anos!
Em paralelo com suas atividades religiosas, participou ativamente da política local, tendo sido vereador nos quadriênios 1845/1848 e 1853/1856. Durante esse período de mandato, conseguiu na Câmara a doação de diversos terrenos para a construção e ampliação das igrejas de Nossa Senhora do Carmo, São Benedito e Santa Cruz, além de recursos financeiros para a reforma e construção de duas torres para a Matriz de São José, em 1853.
Foi autor de indicação e, que foi aprovada, criou o primeiro Cemitério Municipal de Mogi Mirim, na antiga Rua Alegre (atual Rua Padre Roque). Em 1875, participou da fundação e inauguração da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, abençoando a estação da Rua Conde de Parnaíba e oficiando em seguida missa na antiga matriz, com a presença de D. Pedro II e a Corte Imperial.
Grande defensor da justiça e da verdade, em 1845 denunciou irregularidades nas eleições daquele ano e com isso enfrentou a ira do Presidente da Província, Lima e Silva, que o ameaçou de prisão. Para apaziguar os ânimos, foi necessária a intervenção de D. Pedro II e tudo terminou em paz.
Entre o povo, Padre José era estimadíssimo pela sua bondade e dedicação aos pobres, auxiliando-os com alimentos e remédios, um verdadeiro apóstolo cristão.
Sua figura era venerada e sua palavra acatada por todos em Mogi Mirim, a ponto de causar admiração ao Bispo de São Paulo, D. Antonio Joaquim de Mello, que durante sua visita pastoral de 15 a 29 de julho de 1857 assim escreveu no livro do Tombo da Paróquia de São José:
“O Rev° pároco, Padre José, tão amável por sua pessoa, tão habilitado para ser ouvido por todos, muito responsável diante de Deus, sabendo empregar meios doces e pacíficos e mesmo alguma energia quando necessário para conservar as boas disposições de um povo que tanto o ama”.
Em seu testamento, Padre José determinou:
“Meu corpo será conduzido ao cemitério por quatro de meus compadres e sepultado no meio de meu finado rebanho”. Também pediu que seus bens fossem distribuídos entre os pobres de Mogi Mirim.
Quando veio a falecer, em 1881, o povo decidiu sepultá-lo no interior da antiga matriz, por julgar que ali seria seu verdadeiro lugar, no templo de Deus.
Por indicação do vereador Firmino José de Araújo Cunha, a antiga Rua do Teatro recebeu o nome de Rua Padre José, numa justa homenagem ao sacerdote venerado e mais querido do povo mogimiriano.
Preceitos Bíblicos
“Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada produz a esperança. E a esperança não engana, pois o amor Deus foi derramado em nossos corações pelo Espirito Santo que nos foi dado. (RM 5, 3-5).
Túnel do Tempo
Em 26 de outubro de 1886, o Imperador D. Pedro II e sua corte visitavam pela terceira e última vez a cidade de Mogi Mirim. Ao visitar as igrejas do Rosário, do Carmo, São Benedito e Matriz de São José, D. Pedro declarou-se contrário ao sepultamento dentro e ao redor dessas igrejas, afirmando que deveriam ser inumados os corpos e restos mortais transferidos para o cemitério Municipal da Rua Padre Roque.
Legenda da foto: Vista parcial da Praça Rui Barbosa em 1948, vendo-se em primeiro plano a fonte luminosa, à esquerda o antigo tamarindeiro e, à direita, o círculo de palmeiras imperiais plantadas em 1922 e as passarelas centrais onde se desenvolvia o famoso footing da mocidade. No local da fonte erguia-se a antiga Matriz de São José, onde foi sepultado o lendário Padre José.