É fato facilmente comprovado que existem torcedores de futebol que não conhecem os limites da civilidade e do respeito, dando-se ao direito de ir aos estádios para vociferar xingamentos e ofensas aos jogadores, técnicos, árbitros e profissionais de imprensa. Palavrões parecem ser parte do contexto esportivo, como se não houvesse crianças e pessoas educadas que desejariam não ter que ouvir bobagens durante um jogo. Certas ofensas acabam fazendo parte do folclore do futebol, como as dirigidas aos juízes, em especial.
De vez em quando, o limite é ultrapassado, e o que seria uma brincadeira de péssimo gosto acaba se transformando em crime. Foi o que aconteceu na quinta-feira à noite, quando o jogador Arouca, do Santos Futebol Clube, foi ofendido por alguns torcedores do Mogi Mirim com xingamentos racistas.
O destempero, a ignorância e a falta de limites destes torcedores são inadmissíveis, mostrando que alguns poucos descontrolados podem por a perder a imagem de toda uma cidade, do clube e do País. A repercussão foi imediata, até mesmo em sites do exterior, cobrando dos brasileiros uma postura civilizada.
É um absurdo extremo que meia dúzia de imbecis possa tomar uma atitude tão vergonhosa de forma inconsequente. Os casos de manifestações racistas no esporte têm sido repudiados com rigor e veemência em todo o mundo. No Brasil, as manifestações se perdiam em meio ao que se tinha como “normal” nas ofensas aos jogadores, como se o ingresso desse o direito de se manifestar de forma covarde, anônima e dissimulada.
O racismo é um problema que certamente sai das quatro linhas de um campo de futebol. Presente de forma clara ou dissimulada, é um mal social a ser combatido. É inadmissível qualquer manifestação de desrespeito à pessoa e, no caso da discriminação por raça – conceito que também merece ressalvas – existe o agravante que é crime pelas leis brasileiras.
É desprezível que algumas pessoas percam a noção de humanidade e se portem com intolerante ignorância. É triste imaginar os exemplos que estes indivíduos devem dar em suas casas, para seus filhos, seus colegas de trabalho.
É preciso que estes agressores sejam identificados, banidos do meio esportivo e respondam pelos seus crimes. Se é o caso de levar a intolerância a este extremo, é preferível que sumam do convívio em nome de um mínimo de civilidade.