Mogi Mirim vive um momento de abandono. É triste olhar para todos os lados e perceber que a cidade está tomada pela sujeira. As avenidas, ruas de bairros, praças e até calçadas clamam por melhorias. Muitas vezes, a impressão é que talvez já estejam há meses sem qualquer tipo de manutenção.
Recentemente, a reportagem de O POPULAR esteve na Avenida Vereador Antônio Carlos de Oliveira, localizada entre a Monroe e o Parque do Estado II. Lá viu um cenário assustador. Um verdadeiro lixão a céu aberto tem se formado quase que periodicamente no local. A variedade da sujeira acumulada é imensa: restos de materiais de construção, lixo doméstico, sofás, cadeiras, garrafas, livros e até a CPU de um computador.
Não é novidade o acúmulo de lixo na Vereador Antônio Carlos, assim como há em outras regiões do município. E a situação parece estar fadada a um ciclo vicioso. O Poder Público finge que fiscaliza e a população, por sua vez, tão omissa quanto, insiste em não se conscientizar e acaba depositando todo o lixo novamente na avenida.
No início do ano, a reportagem flagrou a presença maciça de restos de pneu no local. Pouco depois, uma epidemia de dengue eclodiu em todo o país, chegando com força também no município.
A Prefeitura coloca os munícipes como o centro da causa. Contudo, pouco faz ações para alertar e evitar o descarte irregular de lixo nessas áreas. O Executivo ainda alega que realiza a limpeza da avenida a cada 20 dias. Mas, se a meta fosse realmente cumprida com afinco, será que daria tempo para tanto lixo acumular?
O lixo é um problema ambiental e social, que esbarra na falta de educação. Se há despejos clandestinos é preciso mobilização para denunciá-los, certamente. Porém, também é necessário que a seleção e a coleta adequada desses resíduos partam de dentro das próprias residências, o que ainda não é feito com tanto empenho.
O que parece é que há uma falta de comprometimento de ambas as partes: o Governo Municipal pouco parece se importar com o bem-estar daqueles que o elegeu e, ao mesmo tempo, as pessoas, tão enraizadas pelo individualismo, acabam perdendo o bom senso, a boa vontade de prezar pela coletividade. Elas só querem se desfazer de mais um produto que consumiu e agora não serve mais.
Limpeza pública é questão de saúde. Se o governo priorizasse gastos, poderia investir mais nessa área. Ao contrário, prefere locar carros e imóveis. Nesse caso, só uma ação conjunta poderia fazer a diferença e, para isso, seria preciso que a Prefeitura fosse mais responsável ao recorrer aos cofres públicos. Também passou da hora da população colocar em prática a cidadania.