No livro “A República”, em que está contido o Mito da Caverna, Platão narra uma história em forma de alegoria em um diálogo entre ele, Sócrates e Glauco, seu interlocutor, e pede a este para imaginar a existência de uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a infância com as mãos amarradas, vendo somente as sombras que eram projetadas por eles mesmos e ouvissem somente os sons que vinham de fora.
De repente um dos prisioneiros é liberto e, andando pela caverna, percebe que as sombras que viam na parede, eram projeções dos próprios prisioneiros que passavam a sua frente e isto era uma total ilusão. Continuando pela sua busca na caverna, encontra uma saída e, ao segui-la, a luz do sol ofuscava a sua visão e ele se sentia desamparado, desconfortável e deslocado de tudo.
Agora o que podemos trazer para os dias de hoje com essa alegoria de profunda interpretação de Platão?
– Que nós somos os prisioneiros, estamos vivendo em um mundo limitado, presos em nossos costumeiros hábitos e crenças;
– Que nosso corpo, nossos sentidos do que observamos e absorvemos é a caverna e que essa é a única fonte de um conhecimento enganoso da verdadeira realidade existente lá fora. Nos tornamos alguém que não somos;
– Que as sombras e ecos interpretados na parede, nada mais são do que nossas projeções distorcidas do que realmente acontece nas redes e vidas sociais e, por isso, simbolizam as opiniões ofuscadas que temos do que nos é mostrado, além do conhecimento preconceituoso do senso comum que julgamos ser verdadeiro, nossos próprios hábitos e crenças;
– O querer sair da caverna, significa buscar o verdadeiro conhecimento sobre si, mas para isto precisamos enfrentar a luz que ofusca a visão, isso nada mais é que olhar além do nosso ego. Este sempre luta contra a razão e a filosofia de vida que necessitamos experenciar, e vive somente em busca do que lhe é prazeroso.
Resumindo, as pessoas de hoje têm preguiça de pensar devido à facilidade que as tecnologias atuais nos proporcionam. Acredito que a preguiça intelectual esteja sendo uma das mais fortes características de nosso tempo atual e, por isto, nos tornamos pessoas imediatistas e com um forte senso de certeza de que tudo que penso é o verdadeiro e acabam por rejeitar tudo o que vai contra o que acredita. É nosso egoísmo, a ausência da empatia.
Vamos olhar com mais carinho para nós e ter cuidado com as sombras das redes sociais. Existem, sim, muitas coisas boas na internet e que podem nos tornar mais humanos com os outros e com a própria vida que estamos vivendo.
Beijo no coração
Flávio Campos