Envolto em uma série de problemas pelos mais diversos setores e com a descrença de inúmeras munícipes em relação aos rumos da cidade, marcada por uma Administração aquém das expectativas dos eleitores, Mogi Mirim se apega a pouquíssimos motivos para se sentir orgulhoso. Um deles é o Mogi Mirim Esporte Clube. Mesmo diante das centenas de reclamações na maneira de condução do clube pelo atual presidente, o pentacampeão mundial pela Seleção Brasileira, Rivaldo Vitor Borba Ferreira, que de fato, é marcada por algumas trapalhadas até amadorismo em determinados momentos, é inegável que de 2012 para cá, o Sapo é uma potência esportiva do interior do Estado. Os resultados por si só corroboram para esta tese.
Campeão do Interior em 2012, algo inédito no clube. Semifinalista do Campeonato Paulista em 2013, em uma partida que contou com todos os ingredientes que uma decisão pode oferecer. Empate por 2 x 2 diante do Santos, do craque Neymar, hoje no Barcelona, e uma derrota doida vinda apenas nos pênaltis, em partida que marcou o maior público do Mogi jogando no Estádio Romildo Vitor Gomes Ferreira nos últimos anos, com mais de 16,6 mil pessoas.
Além disso, o acesso da Série D para a Série C do Campeonato Brasileiro de 2013 para 2014 e o momento mágico vivido no segundo semestre do ano passado, com o acesso à Série B do Brasileiro após 10 anos de jejum. A exceção, a campanha no Paulistão em 2014, quando o clube se salvou da queda no final da competição.
Entretanto, nada disso parece ter surtido efeito e fosse motivo para que a torcida do Mogi comparecesse ao Romildão em um número considerável e que honrasse a história do clube. Não é mistério para ninguém que muito disso se deu em função da perda de identificação do clube com a cidade, motivado por fatores, como a troca do nome do atual estádio em diversas ocasiões, a ausência de um time competitivo em várias temporadas, a morte do saudoso ex-presidente Wilson Fernandes de Barros, entre outros. O sentimento mútuo entre agremiação e torcida se congelou.
O exemplo mais recente e que mostra a falta de elo entre Mogi clube e Mogi cidade foi visto na última quarta-feira, na vitória do Sapo por 2 x 1 diante do Penapolense, em jogo acompanhado por apenas 349 pessoas, válido pela 5ª rodada do Paulistão.
Está certo que o duelo aconteceu em uma Quarta-feira de Cinzas, em um horário atípico, às 17h, e com ingressos a R$ 30. Mas nada disso justifica um número tão pequeno na arquibancada. Usar a mudança de nome do estádio também não é o melhor caminho para justificar essa ausência. A base da equipe é praticamente a mesma há dois anos. Se nas redes sociais, as críticas a Rivaldo são constantes, a resposta deveria ser dada nas arquibancadas, com incentivos à equipe. Cobrar sem comparecer não adianta. O mais incrível é que no próprio clube há quem não esboce reação contrária ao baixo público. Era necessário um trabalho de marketing e um projeto que resgatasse a vontade de assistir o Mogi.
Por outro lado, a pergunta que fica é se realmente o clube conta com uma torcida ou apenas poucos simpatizantes, vistos em demasia nas cadeiras numeradas, na lateral e atrás de um dos gols. Esses merecem aplausos. O futebol e o Mogi Mirim não são a solução para o cenário ruim vivido na cidade, mas serem valorizados era tarefa mais do que obrigatória.