Desde a mudança da Câmara Municipal para o imóvel espelhado situado em frente à Matriz de São José, a nova sede do Poder Legislativo, mais conhecida como o Palácio de Cristal, tem sido alvo de críticas e cobranças da população. O aluguel do prédio, reajustado, onera os cofres públicos, mensalmente, em quase R$ 26 mil. Ainda na cerimônia de posse, em janeiro de 2017, os vereadores fizeram a promessa, até então não cumprida, de deixar o espaço, voltando para o antigo prédio da Câmara, no Paço Municipal, à Rua Doutor José Alves.
Fato é que esse assunto, assim como tantos outros que rondam o cotidiano da cidade, vem sendo tratado de forma amadora no Legislativo. Sem fazer generalizações, já que existem aqueles que abordam a questão com seriedade, mas alguns parlamentares se aproveitam para gerar ainda mais instabilidade na Casa de Leis, colocando a saída do Palácio como uma mera ferramenta a serviço da politicagem, o que é um retrocesso tanto para a política quanto para o município.
O erro já foi cometido pela Mesa Diretora da legislatura passada, que autorizou a mudança. Só para relembrar, o próprio Tribunal de Conta do Estado de São Paulo (TCE-SP) julgou, no ano passado, irregular a dispensa de licitação, o contrato e os termos aditivos para a locação do imóvel, firmados entre o Legislativo e o proprietário do imóvel, Felipe Augusto Silva Higino. A decisão do TCE também alcançou o ex-presidente da Câmara, o vereador João Antônio Pires Gonçalves, o João Carteiro (SD), multado em 160 Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (Ufesps), o equivalente a pouco mais de R$ 4 mil. Carteiro foi o responsável pela assinatura do contrato de locação.
Portanto, não adiantam mais comparações com as locações do Poder Executivo, berros e tapas na tribuna quando o tema for Palácio de Cristal. O momento exige uma postura madura e responsabilidade, visto que o dinheiro dos mogimirianos ainda continua indo para o ralo. Se a atual Mesa Diretora da Câmara, conforme comunicado à imprensa na última semana, já está providenciando os trâmites burocráticos necessários para a abertura do processo de licitação da reforma da antiga sede do Legislativo e do Gabinete do prefeito, espaço cedido aos vereadores, e também estuda a quebra do contato, não há mais que se voltar à estaca zero das discussões.
Enfim, uma atitude mais concreta parece ter sido tomada e, agora, caberá ao presidente da Casa, Jorge Setoguchi (PSD), não se deixar levar pela pressão dos politiqueiros e se manter firme no propósito de sair do Palácio, sem meter os pés pelas mãos. Dessa vez, os vereadores não podem quebrar mais esse voto de confiança, caso contrário, a Câmara ficará ainda mais com a imagem estilhaçada. Mogi Mirim não merece mais um ano de Palácio.