Parece até repetitivo, mas relatar por meio das próximas linhas ou debater a caótica situação do Parque das Laranjeiras, loteamento construído na década de 80 em uma área de um milhão de metros quadrados ao perímetro urbano, na região mais populosa de Mogi Mirim, a zona Leste, seja algo clichê, indica ser impossível sair dos holofotes. Sem infraestrutura adequada de rede de esgoto, água, iluminação pública a asfalto, bem como uma dificuldade enorme na regularização, suplica por socorro e prolonga o choro e o desespero de seus moradores diariamente. Tudo por uma irresponsabilidade da empresa responsável pela construção, a Emprelotes, que prometeu e não cumpriu com suas obrigações, tampouco registrou a área em cartório, aliada à terrível omissão das administrações municipais, que ano após ano prometem, tentam, mas aparecem com o discurso de sempre. Inócuo em termos práticos.
Na sessão da Câmara Municipal do último dia 24 de fevereiro, mais uma vez, uma gama ínfima dos moradores, mas que representava todo o terreno naquela ocasião, mostrou clara indignação com a falta de atenção ao bairro por parte dos poderes Legislativo e Executivo. As mensagens em faixas e cartazes e os olhares temerosos, raivosos e de tristeza retratavam bem o sentimento.
Tudo isso com uma pitada de cansaço. Cansaço por esperar o mínimo, por uma solução que não chega. Cansados por serem humilhados e deixados de lado em uma cidade detentora de terrenos privados, comercializados em certas ocasiões por mais de R$ 200 mil.
A Prefeitura admite. Não possui dinheiro para promover melhorias e esbarra na burocracia ou falta de planejamento para buscar a regularização de toda a área. A expectativa é que um montante superior a R$ 20 milhões, via Ministério das Cidades, possa estar em suas mãos até junho. Daqui para frente, obras paliativas ou promessas infundadas não surtirão mais efeito.
Não adianta mais prometer. É preciso agir. Não se fala apenas pelo aspecto estrutura ou legal. A Prefeitura tem o dever moral de regularizar a área e transformar o Parque das Laranjeiras em um bairro decente, como qualquer outro pela cidade. O local parece uma área fantasma, passa a impressão de ser desvinculado a Mogi.
Carlos Nelson Bueno tem uma oportunidade de ouro de fazer história. Ele, mais do que ninguém, goza de prestígio com políticos chaves espalhados pelo Estado para buscar resolver o impasse. Se seus antecessores não conseguiram a solução, inclusive ele próprio, em suas duas primeiras gestões, pode ter seu nome carimbado como o prefeito que devolveu ao morador do loteamento a dignidade. A Câmara Municipal também pode se destacar. Chega de discursos políticos e populistas. Lutem pela população que deposita confiança em vocês. Acabem com a demagogia e a bandeira política. Vocês estão lidando com seres-humanos.