É senso comum ouvir sobre o poder das palavras. Sobre como elas podem nos influenciar, tanto do ponto de vista do locutor quanto do receptor. Alia-se a isso a inegável influência que os pais têm sobre os filhos. Duvido que a maioria já tenha parado para pensar na força destruidora que pode haver nisto.
Podemos analisar de várias vertentes e vamos começar pela psicológica. A frase é clichê, mas a verdade é que os pais são o porto seguro dos filhos, a figura de confiança e as pessoas que temos certeza de que nos conhece a fundo. Sendo assim, o que dizem soa como verdade absoluta e o nosso cérebro assimila como certeza na hora.
Eu sei que dá uma vontade louca de sair gritando sem parar quando você já tem um compromisso e a criança oferece carona para todos os amigos, como se sua tarde tivesse livre ou ainda quando a gente está atrasada e o filho está lá, na maior calma, fazendo tudo como se estivesse com uma hora de antecedência. Depois de chamar de “lerdo”, eu ainda teria o repertório de uma viagem até Campinas com palavras para agredir até meu stress passar.
Não quero, de maneira alguma, polemizar sobre crenças, mas, de uma forma simplista, o que dizemos tem o poder de alimentar o bem ou o mal. Quanto mais palavras positivas, maior fica a força do bem, assim como o inverso é verdadeiro.
Ainda seguindo a linha tênue da religião, os pais são “personagens” com poder de bênçãos e cura através da oração e ela, por sua vez, se faz através de que? Palavras! Agora, se os filhos são assim tão preciosos, como podemos blasfemar e dar forças para que os monstrinhos do mal os acompanhem?
Confesso que já têm uns dois anos que minha ficha caiu e de lá para cá tenho tentado tornar cada vez mais coerente o que eu digo com o que eu sinto. Se eu desejo que a vida deles seja próspera, feliz, leve, de paz, não posso me manifestar com palavras contrárias. Do ponto de vista psicológico, também não quero fortalecer crenças, aquelas definições que nos contaram quando éramos criança e que machuca diariamente depois de adulto.
Poder amadurecer é sensacional. Claro que muitas vezes gostaria de ter tido percepções e principalmente ter mudado de comportamento em menos tempo que levei, mas “antes tarde do que nunca”. Claro também que, muitas vezes, ainda me perco, mas, felizmente, na maior parte delas consigo olhar para a situação e reconhecer o que poderia ter feito de melhor. Acreditem, a vida fica bem mais leve!