sábado, novembro 23, 2024
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O poder dos amigos

O que seria da vida sem os amigos? Não sei dizer quantas vezes eles são um pedacinho de Deus na terra, seja por uma carona ou simplesmente por estarem ali. Desde que perdi minha vó, em dezembro, todas as minhas entranhas estão sendo vasculhadas. É como se a vida tivesse me colocado no liquidificador e ligado na velocidade máxima.

Confesso que, em alguns momentos, só consigo me reconhecer porque eles me lembram de quem sou. Trazem à minha memória fragmentos que funcionam como uma espécie de espelho e isso é tão maluco que, às vezes, me surpreendo com o resgate.

E o formidável é que cada um tem um papel, usa de uma forma. Tenho amiga que faz isso brincando e com a voz mansa, valendo-se de piscina e comida. Outra, nordestina porreta, fala firme e se pudesse puxava minha orelha, com certeza. Aí tem a que chama para correr – acreditem, somos capazes de falar sem parar por dez quilômetros e, dependendo da gravidade dos fatos, é a velocidade dos passos. A outra faz com a presença relâmpago e, quando menos espero, está ao meu lado.

E como isso também tem influência dos filhos. Hoje, a maior parte dos meus amigos novos – que já somam mais de quinze anos de parceria – vieram pelas crianças. São pais que conhecemos na escola, assim como os amigos deles que já dividiram os lanchinhos, a primeira paquerinha, a primeira prova e têm em comum com os meus seguir nos desafios diários de crescer.

Quando a Gabi fez quinze anos fizemos aquelas coreografias com os amigos. Alguns deles nunca tinham dado nem “um passinho para lá e um passinho para cá”. O gingado e a coordenação motora passava bem longe daquele corpo, mas em nada foi empecilho. Além do mais, os ensaios aconteciam aos domingos no final da tarde. Claramente eles estavam ali por ela, pela amizade!

Aí teve a amiga que habilitou primeiro para dirigir. Só saíam de casa quando não chovia e desviavam dos morros até que se encorajaram e foram passar um final de semana em Serra Negra. Fritaram o freio e voltaram com muuuuito para contar.

E por falar em história, no penúltimo dia do acampamento do NR, o Neto torceu o pé feio, muito feio. Como não podia colocá-lo no chão, usou a cadeira de rodas. Graças a esse incidente, protagonizei uma das cenas mais bonitas da vida. Embora eu estivesse lá, nem precisava: os meninos se organizaram e cuidaram de tudo, do levar para a festa a fazer o prato. E mais. Quando cheguei no Baile de Formatura, uma das festas que acontece lá, todos que tinham ido na viagem o cercavam.

E gente, o negócio lá é “trash”! Tudo é longe e o caminho irregular, de bloquete. Facilmente a gente anda uns 10 km/dia. Imagina o que significa empurrar um marmanjo de 1,95 num percurso desse? Eles fizeram e na farra! Coisa de amigo de verdade, nos levar sempre onde não conseguimos chegar sozinho.

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