Nas últimas semanas, o assunto que invadiu prateleiras, balcões e portas de estabelecimentos comerciais de Mogi Mirim não tratou sobre a crise econômica, a queda no movimento ou maneiras para impulsionar o comércio. O “noticiário” foi dominado pelo projeto de interdição para veículos da Rua Conde de Parnaíba, uma das mais movimentadas da região central e responsável por reunir mais de 80 pontos de comércio. Um primeiro teste foi implantado no último sábado, quando por sete horas a rua ficou exclusiva para a passagem de pessoas.
O que se viu foi uma rua com presença maciça de pedestres, que circulavam não apenas pelas calçadas, mas como pelo próprio asfalto, como se por algumas horas recebessem uma alforria do transito caótico, nas manhãs de sábado, capaz de tirar do sério até quem leva a vida em banho-maria. Mais do que isso. O próprio comércio parece ter entrado no clima e promovido atrativos que colaborassem com o movimento, a exemplo de discursos de locutores nas portas dos estabelecimentos.
A ideia merece um profundo debate. Já está mais do que na hora de ações inovadoras serem colocadas em prática no comércio local. A queda no movimento não pode ser atribuída apenas à crise econômica, mas também à falta de ousadia das entidades que comandam o comércio e dos próprios lojistas. Ficou claro o fato de o fechamento da rua ter atraído a atenção e elevado o movimento na via.
Ainda não existe uma posição definitiva sobre o efeito prático do projeto, que deverá voltar em datas especiais, como o Dia dos Pais, o Dia das Mães e o Dia das Crianças, tampouco se elevou as vendas. Entretanto, representa a tentativa de trazer o cidadão de volta às ruas e resgatar a tradição vista anos atrás na região central. Mas, a interdição em um sábado logo após o pagamento da maioria dos consumidores, torna fácil o objetivo de levar à rua boa circulação de pedestres. São necessários novos testes.
Por outro lado, o fechamento trouxe aspectos negativos. Como esperado, o trânsito em ruas no entorno da Conde de Parnaíba ficaram quase que intransitáveis, com congestionamentos imensos. É preciso um trabalho voltado ao trânsito, eliminando gargalos e não dificultando a vida dos munícipes que querem acessar outras ruas do Centro ou chegar a demais pontos da cidade. Está aí uma boa oportunidade para o incentivo ao uso do transporte público, a caminhada ou até a autorização de bicicletas, adotado em grandes capitais do país.
Não se pode criticar aqueles que reclamam da interdição, mas o momento pode servir como união em prol da melhoria no comércio. Mogi Mirim parece ter parado no tempo em determinadas causas e necessita de uma injeção de ânimo, esperança e uma pitada de ousadia para sair da zona de conforto. Mas, com conversa, com pesquisa, com debate. Não às escuras.