sábado, novembro 23, 2024
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O que aprendi com os gatos

Quem me acompanha aqui e pelas redes sociais sabe que os bichinhos de estimação são considerados integrantes da família. Como diria o Neto “é tudo nosso”: a casa, as cadeiras, o sofá, as cobertas, a cama. Nicolau, um cachorro vira-lata caramelo típico veio como hóspede e ficou. Reinava pleno até que, há uns três anos, Reginaldo, um gato rajado adolescente, viu a possibilidade de conforto e ali ficou.

Ele pingou por várias casas da vizinhança, na busca por um lar, mas ninguém o quis. De início também não o queríamos. Fiz fotos, postei nas redes sociais e pedi ajuda para uma conhecida que está acostumada a ser lar temporário e cuidar do bichano enquanto se recupera da castração.

Estava tudo combinado, mas na hora H pulei para trás. Meu coração não conseguiu. Escolheu viver ali, como é que eu o coloco numa caixinha e entrego para outra pessoa como se fosse uma blusa que não quero mais usar?

Foram uns 15 dias de adaptação entre ele e o Nicolau, com ataques de fúria, gato entocado, fujão… toda vez que saíamos, trancávamos cada um num lugar. Além da preocupação, o problema é que o Reginaldo não suporta porta fechada e arrancava pedaços dela… Isso nos custou três novas e muito, mas muito climão e cara feia. Cada vez que algo assim acontecia meu cérebro gritava: “tá vendo, estava tudo tranquilo, foi inventar moda”.

Dois anos depois, novamente vivíamos a paz que a rotina carrega consigo, até que a Gabi encontrou quatro filhotes prestes a serem atropelados. E quem resiste a um bichinho peludo menor que um celular? Nós não. E assim Catarina entrou para a família.

Foi uma semana em que estávamos todos em casa por conta da pandemia. Era o dia inteiro alguém com ela no colo, colocando comida, dando água, fazendo carinho. Nós brincamos que é nosso amuleto, ninguém passa perto sem falar ou passar a mão nela. O resultado é uma gatinha de bem com a vida, que adora gente e não tem medo de nada.

Agora estamos abrigando a Mel, uma rajadinha loira, de sete anos, que ficou depressiva depois que se mudou com minha tia para um apartamento. Mais novidade, mais aprendizado. Embora ela esteja “invadindo” o espaço de outros três que já moram ali, é a que ameaça, que bufa, que está toda hora na defensiva.

Que lições eu tiro disso? Muitas. Primeiro que o nosso cérebro sempre fica com a recompensa. Você pode até lembrar das noites que passou em claro com seu filho chorando, mas, certamente não sente o descompasso que aquilo causava. Eu lembro da porta estourada, mas quando abraço o Reginaldo, não queria estar em outro lugar.

A outra questão evidente é que ser agressivo é proporcional à nossa insegurança. Força em excesso esconde fraqueza. O animal só ataca quando tem medo, quando se sente invadido. E digo com propriedade.

Todas as vezes que me vejo numa situação de inferioridade – reconhecida única e exclusivamente por essa minha caixola maluca e mais ninguém – mostro meu pior lado. Pessoas menos seguras são donas de verdades absolutas, imutáveis, estão sempre certas. Sejamos Catarinas!

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