sábado, novembro 23, 2024
INICIALOpiniãoArtigosO que está por trás

O que está por trás

Esta semana tivemos a morte trágica do MC Kevin, que reflete bem o desespero de toda mãe: amizades erradas, álcool e drogas. Um mundo alucinante e que, justamente por ser irreal, é tão rico em possibilidades inatingíveis, mesmo a de que é possível voar de um andar a outro, como nos filmes de ação.

Até meus filhos estarem adolescentes, eu não achava que as amizades influenciavam. Mas, acontece sim e muito. Já passei por isso com os dois. Ficam mais próximos de amigos que valorizam o ter e, consequentemente, passam a falar muuuuito sobre coisas e, claro, passam a focar no que falta e não na abundância em que têm o privilégio de viver.

A verdade nua e crua é que, antes da maturidade, a vida na rua é muito mais atrativa que a de casa. Pai e mãe são chatos porque temos a responsabilidade de educar. Então, naquela situação que todo mundo ri, pode ser que não vejamos com o mesmo humor.

Dia desses aconteceu isso no carro, voltando da escola, com os amigos da carona. O Neto contou, feliz da vida, que algumas meninas choraram porque tiraram nota baixa na prova, enquanto ele se gabava por não se importar. Todos acharam graça enquanto eu fui tomada por uma fúria. Minha vontade era dar um beliscão daqueles bem fortes.

Veja, o problema não é a nota, ela pode sim ser recuperada. A questão é muito maior. Só eu sei o tanto de vida e energia que gasto para trabalhar e pagar a mensalidade da escola para ele simplesmente não se importar com a principal responsabilidade da vida hoje, que é estudar. O meu medo é que essa displicência passe a ser a régua com que mede a vida.

Nada começa grande, ninguém vira assaltante de banco de um dia para outro. Tudo começa com uma escolha errada, pequena, seguida de outra e outra e outra. O mais curioso é que nosso cérebro se acostuma. Na primeira que vez bate o sentimento de remorso e arrependimento. Na segunda, dura menos tempo e, a partir da terceira, temos como certo.

Por isso, é tão importante observar e ter resiliência para repetir a mesma ladainha todos os dias, por mais exaustivo que isso seja. Não é em vão! Dentro de mim carrego a certeza de que, quando tiver diante de uma situação, com o anjinho de um lado e o diabinho do outro, minha voz vai ecoar na consciência.

E isso é tudo que podemos fazer. Nós não temos como estar ao lado dos filhos para sempre. Temos que confiar nas sementes que plantamos. E ter fé, muita fé, de que o bem sempre vence.

RELATED ARTICLES
- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments