Todo o aumento no orçamento vem acompanhado de preocupação e uma pitada de descontentamento com os rumos tomados pelo país. Enraizado, o brasileiro tem como uma de suas marcas o pagamento de altíssimas taxas de impostos, que muitas vezes o obriga a trabalhar quase que exclusivamente para tapar esse ‘rombo’ na despesa. Outro motivo de indignação é que muitas vezes esse esforço gera um retorno praticamente invisível, principalmente em se falando de serviços espalhados por setores que movem a sociedade atual, como saúde, segurança, infraestrutura urbana e demais bens públicos.
Em Mogi Mirim a situação não foge à regra, e ganhou um novo capítulo nas últimas semanas, quando Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Ares-PCJ) anunciou a proposta de 17,67% de reajuste na tarifa de água e esgoto, confirmada dias depois pela Prefeitura. O aumento chega justo em uma época marcada pelo aumento da conta de energia elétrica e demais tributos em todo o país. A notícia, é claro, não foi bem recebida pela população, que mais uma vez se vê diante de outro aumento no orçamento mensal.
Chamou atenção a rapidez com que a proposta e a confirmação do reajuste foram feitas, sem tempo até para absorver a quantia. Em pouco mais de dez dias, com direito a uma audiência pública para poucos vereadores e populares, tudo estava resolvido. O fato é que em julho o tributo já virá reajustado na conta do consumidor.
É aí que a Prefeitura, responsável por conceder o serviço à agência reguladora tem sua parcela de culpa. A justificativa da Ares-PCJ ao pedir o aumento possui fundamento, como os investimentos municipais em obras de infraestrutura, ligadas ao setor, o gasto com componentes químicos utilizados no tratamento da água e o aumento da energia elétrica em todo o país. O que merece criticas é a forma como a Prefeitura tratou o tema perante o contribuinte. Era necessária uma divulgação ampla, calma e coesa, explicando a fundo ao cidadão as razões para o aumento. Mais audiências públicas, assim como no projeto do novo Plano Diretor, poderiam ter sido realizadas bem como distribuição de panfletos e divulgação no próprio jornal oficial do município. Atitudes simples como essas contribuiriam para a informação do munícipe e levaria o assunto de forma mais clara e transparente ao mogimiriano.