sexta-feira, setembro 20, 2024
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O resgate da Romaria de Cavaleiros

Um dos eventos mais tradicionais do calendário cultural de Mogi Mirim, a Romaria de Cavaleiros, nascida na Paróquia de Santa Cruz pelas mãos de fervorosos mogimirianos, tomados por um sentimento baseado na religião e no civismo, voltou à tona. Na Câmara Municipal, uma audiência pública organizada pelo vereador Manoel Palomino (PPS), colocou o desfile de romeiros no centro do debate. Não mais organizada pela Paróquia de Santa Cruz, a Romaria viu cavalgadas independentes tomarem conta do evento, e chegarem acompanhadas por características nem um pouco apropriadas ao objetivo principal em sua criação.

A reza e a tradição, simbolizadas no lombo de um cavalo, deram lugar à algazarra, ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, a músicas no mais alto volume, a maus tratos aos animais e até a violência. Na pauta do debate na Câmara, uma possível regulamentação das romarias e como não deixar o evento, de cunho social e religioso, se tornar um antro de baderneiros. O encontro surtiu o efeito esperado, com a promessa da criação de uma comissão para a regularização das romarias.

Entretanto, o retorno merece reflexão e uma análise minuciosa, visando evitar o resgate dos problemas vistos anteriormente, prejudicando a população e manchando a história da tradicional festa. Caso a regulamentação seja aprovada, ela deve chegar respaldada por um projeto firme, que estabeleça regras para cada etapa da Romaria. Deve-se definir o que realmente será o evento e coibir qualquer tipo de organização paralela que prejudique o ato cívico e religioso.

Tudo isso deve ser acompanhado por uma fiscalização rigorosa tanto do Poder Público, como dos organizadores e autoridades de segurança. Os casos envolvendo a baderna, a sujeira e os maus tratos a animais devem ser coibidos com rigor. Mané Palomino, durante a audiência, citou o caso até de um cavalo que perdeu a vida devido às péssimas condições em que foi tratado, fato inadmissível perante a magnitude de uma Romaria de Cavaleiros. Os que desrespeitarem os animais, a ordem pública ou a lei devem ser punidos.

Comerciantes e moradores também não podem mais pagar pela sujeira nas portas de suas casas e estabelecimentos, tomadas pelo lixo e pela urina, cena comum e alvo de inúmeras reportagens por parte da imprensa nos últimos anos. A Romaria é algo muito maior do que uma simples vontade de bagunçar, prejudicar o patrimônio público ou partir para o confronto físico. Há meios para que a tradição seja resgatada, mas para isso existe a necessidade de planejamento e organização. Este será o primeiro passo.

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