Foi uma semana de aventuras. Uma semana em que o mar não estava para peixe, como diz o ditado popular. Primeiro, fui picada por uma abelha no dedão (uma dor absurda), depois consegui tropeçar nos fios que estavam soltos e provocar um curto-circuito em parte da casa e por último passei pelo falecimento do meu celular. Acabei com meus afazeres um tanto quanto comprometidos e parte disso se deve porque fiquei sem comunicação. Meu celular ficou sem qualquer sinal, tentei reanimá-lo, tirei a bateria, coloquei, carreguei, apertei os botões com calma e também ferozmente, mas, infelizmente, parece que ele morreu mesmo. Somente um especialista para analisar. No entanto, o fato é que: estamos reféns dos aparelhinhos.
Sem o celular, fiquei sem WhatsApp, e é por meio dele que trato sobre muitos assuntos com meus entrevistados. Inclusive, uma das entrevistadas dessa semana havia me enviado arquivos por meio do aplicativo. Ou seja, os materiais ficaram presos no celular e eu fiquei na mão. Sem o celular não consigo verificar o número dela para entrar em contato mais rápido. Mandei mensagem no Facebook, mas hoje as pessoas se conectam muito mais ao WhatsApp. Eu, pelo menos, sou assim. Sem contar que sem celular não consegui ter acesso ao meu extrato. Sem celular não pude rever as fotos da semana e ficar navegando na internet até dormir vendo bobeiras. E, para piorar, sem o dito cujo fiquei até sem despertador!
O celular acumula tantas funções na nossa vida que fiquei abismada ao procurar um despertador para não perder a hora e perceber que não tenho mais nenhum. Então, a solução foi descobrir um despertador online para deixar ativo no computador. Perto de muitas pessoas que conheço, meu celular até que não é tão utilizado assim. Uso bastante para conversar, como disse, mas tem pessoas que usam o máximo que podem em recursos. Na semana passada, estava conversando com uns alunos sobre a utilização de agendas de papel. O fato é que eles me contaram que não usam e odeiam. Todos os compromissos são anotados no próprio celular e ainda inserem alarme, que é para não esquecer dos afazeres. Também conheço pessoas que usam o bloco de notas do celular, digitando em uma megavelocidade, que fico abismada.
Bom, analisando tudo isso, chego a conclusão que se existe uma escala de zero até dez sobre o que é estar inserido na tecnologia, devo pontuar em seis ou sete. Poderia explorar mais. Por outro lado, se minha agenda estivesse presa ao celu
lar nesta semana, assim como minhas anotações, estaria eu sem qualquer respaldo.
Sinto que dessa vez meu problema foi a procrastinação (o adiamento). Já havia indícios que o celular apagaria. Deixei morrer. Não salvei os materiais porque deixei para outro dia. O outro dia chegou. Que sirva de lição.
Ludmila Fontoura é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Puc-Campinas, além de Historiadora e pós-graduada em História Social pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada de Mogi Guaçu, as Fimi.