O sistema de representação política tem as mais variadas formas e concepções, que variam de acordo com o grau de cultura e legalidade de cada nação. Os Estados Unidos, considerados o berço e a sustentação da democracia, tem um intrincado e sofisticado processo eleitoral, onde os representantes da sociedade são eleitos por voto indireto, com a vontade popular sendo apurada desde as bases. No Brasil, as eleições são manipuladas de acordo com o interesse das classes dominantes, e ainda prevalece o voto de cabresto. O resultado são os eleitos obviamente desclassificados para as funções políticas e um desejo não atendido de uma profunda reforma que dê maior representatividade aos cidadãos.
Ainda assim, o voto único, direto e nominal tem um peso relevante para a democracia que se pretende. Embora se possam medir distorções, existe a legitimidade que não pode ser contestada. Se os cargos políticos não são exemplos de apego moral e honestidade, que dirá de competência, só se pode lamentar a falta de senso político dos eleitores.
Quando o Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Mogi Mirim anunciou que cogita o afastamento da vereadora Luzia Cristina Côrtes Nogueira para que o suplente Massao Hito possa assumir a cadeira na Câmara Municipal, visando projetar-se como candidato a deputado estadual, colocou um sério questionamento sobre a orientação do partido na cidade e seu compromisso com os eleitores. Foi preciso uma articulação de bastidores para que a primeira suplente Leila Ferracioli Iazetta desistisse para que Hito venha a ocupar o cargo.
É altamente censurável a forma como o PSB local ultraja a vontade popular e desqualifica o voto do cidadão. A alegação de que o mandato é do partido não se aplica ao caso, que não passa de mera casualidade eleitoral, deplorável sob todos os aspectos. A vontade popular manifesta está sendo deixada de lado em nome da busca da projeção de um eventual candidato, mostrando que o partido perdeu a sua identidade popular e tripudia o resultado das urnas.
Lamentável que o presidente do PSB, Mauro Nunes, com sua experiência de gabinete e de Legislativo, ceda ao impulso de dar espaço a uma mera intenção partidária. Apenas demonstra que os membros do partido estão focados em seus interesses próprios e dão as costas aos eleitores e ao resultado apurado nas urnas. Como se já não bastasse o ex-prefeito Paulo Silva escorar-se na candidatura de sua mulher – “Dona Luzia, mulher de Paulo Silva” -para manter-se em evidência.