Com o horário de verão e o sol se fazendo presente no arranha-céu até mais tarde, fica nítido perceber o quão importante e querido é o Complexo Esportivo José Geraldo Franco Ortiz, o Lavapés, em especial, o trecho que compreende a sede da Associação Comercial e Industrial de Mogi Mirim (Acimm), o Bristol Zaniboni Hotel e o contorno do antigo kartódromo rumo às proximidades da unidade do Supermercado Lavapés, da Vila Bianchi. A grandeza do popular “Zerão”, um dos espaços públicos mais frequentados de toda a cidade, mostra que o ostracismo e a ineficiência do Poder Público em propiciar um ambiente mais organizado e estruturado ao mogimiriano, não são fatores que impedem a ida do cidadão ao local.
Não é segredo para ninguém que o Lavapés se trata de uma área privilegiada, uma espécie de pedaço da natureza em plena zona urbana. Rodeado por árvores, lagos, e um verde que impressiona, chama a atenção e transforma-se em um álibi na rotina maçante do dia a dia, um espaço para a prática esportiva, cuidado com a saúde ou, simplesmente, descanso ou lazer.
Sobretudo, no início da noite, e aos finais de semana, é possível perceber cenas de variados tipos e situações. São centenas de pessoas que caminham, correm, se exercitam na Academia ao Ar Livre, fazem piquenique, tiram fotos ou ocupam os poucos bancos públicos existentes ali. Nada impede que o ambiente seja frequentado, mesmo tendo em mente que o Lavapés é marcado, atualmente, muito mais por suas péssimas condições do que pontos positivos. É ai que o olhar da Prefeitura deveria ser mais cirúrgico e eficaz.
Fica difícil entender as causas para o esquecimento do Zerão. É dever de Carlos Nelson Bueno e sua equipe, com representatividade dentro da classe política em âmbito federal e estadual, e também na iniciativa privada, trabalharem em prol da recuperação do Lavapés, ainda mais em épocas de crise. Seria, ainda, um trampolim para um governo que, sim, buscará sua reeleição. Em suas devidas proporções, é possível tornar o Lavapés uma Lagoa do Taquaral, em Campinas, com bares, lanchonetes, vendas, pedalinho e tudo que seja propício para o lazer e bem-estar.
Existem mecanismos para buscar parcerias com empresas ou elaborar um projeto que seja levado à Brasília atrás de investimentos que repaginem o espaço. A cidade tem, sim, prioridades que se sobrepõem ao Zerão, mas uma área tão importante para o município não pode ser deixada de lado desta maneira por quem tem o compromisso de preservá-la.
A atual gestão possui em mãos uma chance de ouro para ser lembrada por décadas como a responsável por transformar o local. Não basta apenas cortar o mato, limpar guias e calçadas ou aparar a grama, isso é mera obrigação. É preciso um pouquinho de boa vontade, visão estratégica e atitude. A Prefeitura pode muito mais.