A falta de crescimento da produtividade no Brasil, provocada em grande parte pelos baixos investimentos, inclusive em tecnologia — a China, por exemplo, já tem mais de 300 parques tecnológicos e investe 2,2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, contra pouco mais de 1% no Brasil — e retroalimentada pela decrescente oferta de empregos na indústria, é um importante fator que afeta a competitividade do país.
Segundo o economista Alexandre Scheinkman, de Princeton, de 1989 a 2008 o ganho de produtividade nos EUA foi de 11%, na Índia de 28%, na China 46%, na Coréia do Sul 57% e no Brasil apenas 0,08%. Esse fato é agravado quando os salários crescem mais do que a produtividade. Além do que, segundo o professor José Pastore, esse descolamento pressiona a inflação, como temos visto.
O custo da energia também é fator que afeta o rendimento da indústria. Com uma das matrizes de geração mais econômicas do mundo, continuamos tendo uma das energias mais caras, especialmente pelos impostos e taxas agregados, mesmo após o esforço de desoneração da presidente Dilma. Quando o gás de xisto aparece como fator de redenção da indústria americana, constatamos que a carga tributária sobre o gás é de 10% nos Estados Unidos, 6% no México e 5% na China. No Brasil é de 28%. Enquanto a tarifa média por milhão de BTU nos EUA é de US$ 5 e no México US$ 11, no Brasil é de US$ 17.
Pesquisa do Movimento Brasil Eficiente (MBE) indicou que produtos fabricados no Brasil têm custo 30% maior do que uma média de seis países (EUA, França, Inglaterra, Austrália, África do Sul e China). Estudo da PricewaterhouseCoopers também mostrou que para os fabricantes de veículos os custos aqui são 40% maiores que no México e 60% mais altos, em relação à China. Por isso os produtos industrializados, que em 2000 representavam praticamente 60% das nossas exportações, em 2012 encolheram para 37%.
Até mesmo o agronegócio vem sendo afetado. Apesar das vantagens do clima, o Brasil vem perdendo a vantagem que tinha em relação aos EUA no custo de produção de soja e de madeira para celulose, por exemplo. As florestas para a produção de celulose crescem mais rápido, o solo permite o plantio de 80% mais árvores por hectare, mas os custos de logística e os impostos anulam a vantagem.
Estudo da ABIMAQ apontou que no período de 2004 a 2009, para um crescimento de 11% do faturamento líquido da indústria de transformação, as despesas com salários e encargos subiram em torno de 32%, pressionando fortemente o Custo Brasil. A solução, contudo, não é reduzir salários e sim aumentar produtividade.
O governo de São Paulo, junto com empresários e entidades de classe, criaram em 2013 o Conselho Paulista de Incentivo à Competitividade, para o desenvolvimento de políticas públicas de estímulo às empresas, dentro de um programa chamado Compete São Paulo. Envolve medidas de desburocratização, inovação, formação de capital humano e melhora da infraestrutura. Se funcionar bem, será um ótimo exemplo.
Carlos Rodolfo Schneider, empresário em Joinville (SC) e coordenador do Movimento Brasil Eficiente (MBE); [email protected]