Além da crise financeira com a busca por um parceiro para dividir os investimentos no clube, o presidente do Mogi Mirim, Rivaldo Ferreira, se desmotiva em prosseguir no comando por outra razão: a falta de apoio de torcedores e até ofensas que invadem sua privacidade. “Dentro do meu condomínio estou sendo xingado, eu preciso estar aqui? Eu fui convidado para ir ao jogo do Deco, não fui porque estou com dor de cabeça do Mogi. Messi, os caras todos lá e eu não fui”, lamentou, em entrevista após o jogo contra o Juventude, no domingo.
Hoje, afirma não estar feliz e estar sendo provocado por torcedores a devolver os CTs, que passaram para seu nome como forma de acertar dívidas. “Não estou feliz. Passei ali, ah, entrega os CTs. Só falam isso, ninguém fala: parabéns, vai pagar dia 5 os jogadores. Vai tirar do seu? Legal, ninguém fala. Isso aqui é investimento, não tem Papai Noel”, desabafa.
Questionado se o fato do Paulistão ser uma vitrine para negociar jogadores poderia motivá-lo a continuar até o fim do Estadual 2015, Rivaldo disse que não iria prometer para não criar expectativas. O advogado Betellen Dante Ferreira destaca que até o final da Série C o time continua, pois tem compromissos. “Ele precisa de motivação para ficar. Gostar de futebol ele gosta, entender nem se fale. Ele não precisa estar aqui aguentando toda essa conversa, essas ofensas. Se o apoio vier em forma de motivação já é grande coisa”, observa.

Questionado se o Mogi recebe valores nas negociações de jogadores ou se a verba é apenas direcionada a empresas que têm direitos econômicos dos atletas, Rivaldo disse que o clube tem os direitos de diversos jogadores, mas dificilmente lucra, citando o exemplo de Vitor Xavier, cujo contrato encerra em dezembro. Assim, o jogador pode aguardar o fim do contrato para sair e o Mogi não ganharia nada. “Time pequeno é complicado, não dá dinheiro. Os caras chegam e levam jogador”, reclama.
Em relação à negociação do centroavante Hernane do Flamengo para o Al-Nassr, da Arábia Saudita, explica que o Mogi já teve uma porcentagem do jogador antes, mas já recebeu o valor de direito. Agora, nessa negociação, já não tem mais direitos econômicos. “Você pega um jogador, pegou R$ 300, daqui a pouco vale R$ 3 milhões, futebol é risco”, explica.
Questionado sobre parcerias, o advogado admitiu que houve contato com o laboratório de produtos farmacêuticos EMS, mas sem avançar. Em relação à parceria com empresários chineses, Rivaldo negou. O presidente ainda admitiu que houve uma proposta de parceria para tirar o Mogi da cidade, o que ele vetou. Betellen lembra que se Rivaldo não tivesse intenção séria com o Mogi deixaria levarem o clube embora.