As Faculdades Integradas Maria Imaculada (Fimi), de Mogi Guaçu, tratou no último sábado sobre o tema Gêneros, já que domingo, dia oito de março, foi comemorado o Dia internacional de luta pelos direitos das mulheres. Para abordar o tema por meio de uma oficina, a Fimi recebeu em seu auditório externo Marcela Moreira, que é socióloga, coordenadora do Instituto Voz Ativa de Campinas e ainda exerceu o cargo de vereadora na cidade por alguns anos.
Há 14 anos, Marcela trabalha com oficinas variadas, sendo que a sobre Gêneros (já no plural) abordou não apenas o papel da mulher na sociedade, mas como o machismo também pode ser prejudicial até para os homens. Em âmbito geral, a oficina tem como objetivo avaliar no cotidiano quais são as atitudes que a sociedade produz, reproduz e mantém em relação às desigualdades, violência e opressões de gêneros. “Trabalhamos conceitos importante, como papeis sociais, violência contra o homem e também contra a mulher. A ideia é sensibilizar não só as mulheres, mas os homens também”, frisou Marcela.
A oficina durou cerca de uma hora e meia e foi dividia em alguns ciclos. A primeira parte contou com o processo de sensibilização, quando foi exibido um curta-metragem chamado Acorda Raimundo…Acorda! Já na segunda parte, houve uma roda de discussão que teve como intenção definir o que é ser homem e o que é ser mulher, seus papeis sociais e as relações desiguais que se construíram ao longo da História. Além disso, Marcela também frisou que podemos viver num mundo sem violência para mulheres e homens e que, portanto, é preciso repensar as ações rotineiras e alternar nosso meio.
Um discurso para pensar
Marcela também falou em seu discurso sobre o Dia internacional de luta pelos direitos das mulheres, comemorado no domingo passado. Segundo ela, ainda hoje existe uma tentativa de transformar a data em apenas o Dia Internacional da Mulher, lembrada para muitos apenas para fins comerciais. Em sua fala, Marcela foi incisiva e lembrou aos presentes: “Trocamos um jogo de panelas, um bombom, uma flor pela dignidade. O que queremos é a dignidade! De que adianta não dividir as tarefas domésticas, humilhar, tecer comentários machistas, violentar e, no dia oito de março, dar flores às mulheres?”, questionou também em um texto que dispôs na internet.
Marcela não deixou de lembrar que as mulheres já evoluíram bastante no que diz respeito aos direitos, mas que ainda é preciso conquistar mais. Ela citou como formas de desigualdade ainda existentes: a violência contra a mulher, salários e cargos inferiores aos dos homens, dupla jornada de trabalho não reconhecida pela lei e nem aos olhos da sociedade, a garantia de creches públicas em período integral, etc.
Quebrando mitos
No texto divulgado pela socióloga e oficineira em sua rede social, Marcela deixou clara uma questão às vezes obscura para muitas pessoas. Defender as mulheres, querer que elas tenham mais direitos e passem realmente a se sentir dignas não envolve se voltar contra os homens. Isso é uma informação bastante divulgadas nas redes sociais e no dia a dia e que Marcela fez questão de quebrar por meio da frase “É preciso que todos defendamos os direitos das mulheres. Não podemos cair na dicotomia homem x mulher. Se pensássemos assim, seríamos tão autoritárias quanto o sistema que denunciamos”, finalizou.