Desde meados de 2014, quando o ex-presidente Rivaldo Ferreira, que meramente ocupava a cadeira de representante de um grupo de sócios, decidiu colocar “o Mogi Mirim à venda”, o Sapão da Mogiana acumula mais presença no noticiário por conta de situações não conectadas ao futebol do que, necessariamente, pela bola.
Esta estatística é ainda mais alta desde que a atual gestão assumiu, indo de conteúdos a respeito da dívida milionária contraída pela agremiação enquanto comandada pelo atual grupo, passando por atraso de salários, penhoras de bens, problemas com falta de energia e de água, denúncias de atletas pela má estrutura, entre outras.
Os veículos do clube também entraram neste rol de manchetes. A última? “Ônibus do Mogi Mirim pegam fogo dentro do Estádio Vail Chaves”. O caso ocorreu na madrugada de sábado, 18. Logo nas primeiras horas do citado dia, a reportagem de O POPULAR recebeu denúncias. Uma delas indicava: “Estouraram a corrente do portão do Estádio do MMEC, à Av. Brasília, e atearam fogo no ônibus do Sapão… Pelo jeito, além do vandalismo, estão fazendo garimpo no estádio, pois é visível o roubo de fios nas torres de iluminação… Triste…”.
A situação relacionada ao incêndio nos veículos foi apurada. De acordo com membros da atual gestão, um boletim de ocorrência foi registrado por suspeita de ato criminoso. Segundo o GE, o clube informou ainda que está atrás de imagens de circuitos de segurança da vizinhança que possam ajudar a identificar os autores.
Ainda conforme informação do Mogi Mirim ao site, não havia ninguém trabalhando no local no momento do crime e não houve registro de feridos. Presidente do Sapão, Luiz Henrique de Oliveira estimou o prejuízo de R$ 100 mil a R$ 150 mil.
Mais ônibus
Em julho de 2017, um ônibus do Mogi Mirim EC também foi notícia. O veículo foi encontrado por um torcedor do Sapo em Guarulhos. E com uma faixa indicando o ano de fabricação e o fato de estar à venda. Havia ainda um telefone que, à época, ao ser adicionado no WhatsApp, indicava a foto e pertencer a um então funcionário do clube que, inclusive, anos depois, acionou a agremiação na Justiça do Trabalho e teve a ação negada.
Em 2015, quando a atual diretoria comandada por Luiz Henrique de Oliveira assumiu o clube, havia cinco veículos à disposição. Dois foram vendidos antes de 2017, assim como o caminhão utilizado para transportar equipamentos esportivos.
A alegação do clube à época era de que o veículo, apesar de moderno e conservado, estava quebrado. Um mês depois o mesmo veículo foi encontrado abandonado em um posto de gasolina na beira da Rodovia dos Bandeirantes, na altura de Jundiaí.
O ônibus foi encontrado aberto e um funcionário do posto confirmou que o veículo estava estacionado por dias no mesmo local. Já em setembro daquele mesmo ano, os ônibus teriam um novo destino.
Justiça
Uma ação trabalhista movida pelo ex-goleiro do clube, André, contra o clube, conseguiu o bloqueio dos ônibus do Mogi Mirim, gerando o impedimento da venda do patrimônio a terceiros e retardando a estratégia dos dirigentes da agremiação mogimiriana.
Na ação, em que reclamou de salários e férias em atraso, além da ausência de recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), André conseguiu a rescisão, com a concessão de uma tutela de emergência pela juíza Patrícia Glugovskis Penna Martins, do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, em janeiro. Como o goleiro ainda tinha a receber valores referentes a multas e salários, a Justiça definiu o bloqueio dos ônibus.
Questionado por O POPULAR quanto à possibilidade de efetuar o pedido de remoção do ônibus de viagem, que chegou a ser encontrado abandonado em um posto de gasolina, o advogado de André, Wilson Bonetti, confirmou o bloqueio e disse ter feito esta reivindicação à Justiça. Bonetti revelou ter pedido a remoção de todos os ônibus, para um local que seria depois definido, mas considera difícil o pleito ser atendido pela Justiça.
Bonetti contou que um dos argumentos para a remoção foi o fato de o ônibus ter ficado abandonado, o que representava o risco de depreciação do bem. À época, O POPULAR questionou o clube sobre então localização do ônibus, mas não obteve resposta.
Já desta vez, a reportagem tentou contato telefônico com representantes do clube, para saber se o ônibus queimado na última semana seria o mesmo que foi colocado à venda, abandonado e depois penhorado na Justiça, mas não obteve retorno. O contato também pretendia respostas quanto à informação de que está ocorrendo o roubo de fios nas torres de iluminação do Estádio Vail Chaves, mas a reportagem segue sem retorno e apurando a informação.