quarta-feira, dezembro 4, 2024
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Ônibus “ganham” nova frota e wi-fi, mas situação crítica dos pontos assusta

O transporte coletivo urbano de Mogi Mirim terá uma nova cara nas próximas semanas. E, ao que tudo indica, deve passar por um processo total de reformulação e modernização, com direito à renovação da frota de veículos, capacitação de funcionários, investimento em tecnologia, como a implantação da bilhetagem eletrônica e até wi-fi, serviço de acesso à internet sem fio. Na tarde da última segunda-feira, o prefeito Carlos Nelson Bueno concedeu anuência para a prestação de serviços pela Expresso Fênix Viação LTDA, que substitui a Santa Cruz Transporte, em cerimônia que contou com a presença de secretários municipais, vereadores, representantes e o diretor da empresa, Victor Hugo Chedid. O período de concessão do serviço é de 5 anos, podendo ser prorrogado por mais 5. Em tese, a empresa poderá atuar no município até 2027.

A assinatura chega após a Fênix atender às solicitações e ajustes determinados pelo prefeito por meio de um contrato de concessão e um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). A empresa será responsável pelo transporte coletivo após o registro do contrato e o TAC na junta comercial, o que deve acontecer até a próxima semana. A partir disso a Fênix já poderá iniciar sua operação na cidade.

Itinerários
O Termo de Ajustamento de Conduta é dividido em fases e prevê inúmeras melhorias no sistema de transporte. Uma delas trata sobre a reprogramação dos itinerários e horários em toda cidade em até 45 dias, com atenção especial em relação a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da zona Leste até a Santa Casa de Misericórdia, localizada na região central no prazo máximo de 20 dias.

O investimento em frota de modo que a idade média dos veículos passe a ser de 2,5 anos e a idade máxima de cinco anos, assegurando que no prazo de 100 dias haverá necessariamente a renovação de metade da frota por veículos zero quilômetro.

Prefeito Carlos Nelson Bueno assina contrato, observado pelo presidente da Câmara, Setoguchi. (Foto: Silveira Jr.)

Tecnologia
A parceria tem como foco o investimento em tecnologia, o que prevê implantação de um moderno sistema de bilhetagem eletrônica, com reconhecimento biométrico de usuários no prazo de 30 dias. O investimento em pessoal também não ficará de fora, com capacitação de funcionários, especialmente motoristas e cobradores, num prazo de 60 dias, além da garantia contratual atualizada no prazo máximo de 20 dias.

Wi-fi
Entre as novidades assumidas pela Fênix está a instalação de sistema wi-fi em todos os ônibus circulares, para que os usuários mantenham suas conexões de internet e celular ativas durante o percurso, assim como já visto em inúmeras cidades do país.

O sistema de bilhetagem eletrônica associado à biometria dos usuários também será colocado em prática, garantindo mais segurança dos passageiros que utilizam cartões pré-pagos para custear seus deslocamentos. A medida fará com que não seja possível que terceiros utilizem cartões furtados ou perdidos.

O monitoramento dos ônibus por GPS, também ativado, permite o controle da velocidade de cada veículo e o tempo de parada em cada ponto. Todos os ônibus terão de ser adaptados para o uso por portadores de necessidades especiais.

O cronograma de trabalho

Período Serviço
20 dias Planejamento/criação de linhas urbanas para a UPA
30 dias Início do período do cadastramento biométrico de passageiros
45 dias Readequação dos itinerários e dos pontos de ônibus em todas as regiões
60 dias Treinamento de pessoal Direção defensiva
Direção econômica
Primeiros socorros
100 dias Renovação de 50% da frota por veículos 0 Km

E se descumprir?
O descumprimento de qualquer um dos pontos ajustados, ainda que se refira aos prazos concedidos, resultará na interrupção da concessão, além da aplicação de penalidades contratuais. “Temos muitas reclamações da população e não seremos condescendentes como na gestão passada. A empresa já foi notificada em todos os quesitos apresentados nesse TAC. Queremos respostas rápidas e não haverá outra chance”, alertou Carlos Nelson.

O Grupo Fênix atua há 65 anos no segmento de serviço de transporte de passageiros em mais de 30 municípios do Estado de São Paulo, na Região Metropolitana de Campinas, região Bragantina, Circuito das Águas e litoral Sul. A viação atua no transporte urbano nos municípios de Águas de Lindoia, Ilhabela, Itapira, Itatiba, Jarinu, Monte Sião e Serra Negra.

Pela cidade, pontos estão sem telhado e assentos

readequação dos pontos de ônibus espalhados pelas quatros regiões da cidade está previsto para até 45 dias, de acordo com o cronograma divulgado pela Prefeitura. E, pelo visto, a Fênix terá que se desdobrar para suprir a carência do usuário do transporte coletivo neste ponto. Basta uma rápida volta pela cidade para notar a deficiência e a quantidade de problemas nos pontos.

Na Rua Campo Grande, assentos constrangedores estão soltos, oferecendo risco aos passageiros. (Foto: Fernando Surur)

Embora muitos tenham condições, ao menos aceitáveis, para receber os passageiros, dezenas deles estão em situação lastimável. O POPULAR percorreu diversos locais da cidade e pôde constatar in loco o cenário.

Chama a atenção a extensa lista de “pontos-placas’, ou seja, aqueles identificados somente por um pedaço de ferro fixado à calçada e um pequeno metal indicando que ali é parada de ônibus. Aliás, na maioria dos casos, os metais estão enferrujados e descoloridos. Um exemplo pode ser visto na Avenida 22 de Outubro, no Jardim Santa Helena, próximo a Tel Transportes Especializados e Logística e ao Bar do Zé Mendes. O local é rota da linha Mogi Mirim-Mogi Guaçu, uma das mais movimentadas no eixo intermunicipal. Não existe abrigo tampouco assento.

Na Avenida 22 de Outubro, parada de ônibus não conta com abrigo e nem mesmo com assento. (Fotos: Fernando Surur)

Assento?

Por falar em assento, a cena se repete em outros pontos pela cidade. No localizado próximo dali, na Rua XV de Agosto, na Santa Luzia, zona Norte da cidade, um ponto situado nas proximidades do estádio Distrital Ângelo Róttoli, o Tucurão, se encontra em estado lamentável.

Além de grades enferrujadas e sem cobertura para proteção contra sol ou chuva, faltam assentos. Para improvisar, foram colocados no local pedaços de madeira para propiciar que os passageiros sentem no ponto enquanto aguardam a condução. Parafusos estão soltos e oferecem perigo aos usuários.

Na Rua XV de Agosto, na Santa Luzia, grades estão enferrujadas e faltam bancos. (Foto: Fernando Surur)

Panorama semelhante é visto em um ponto no início da Rua Campo Grande, que dá acesso ao bairro do Mirante, na zona Leste. Os assentos estão soltos e com risco iminente aos passageiros. A estrutura está toda comprometida e enferrujada. “Está tirando foto disso ai. Falar o que, né?”, disse um usuário à reportagem, ao passar pelo ponto.

Pela cidade é comum notar reclamações de passageiros quanto à manutenção dos ônibus e problemas internos, como falta de assentos e até pichações. Os seguidos atrasos nos horários completam a lista de dificuldades.

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