Uma operação conjunta da Guarda Civil Municipal (GCM) com as polícias Civil e Ambiental flagrou, na manhã de sexta-feira, pelo menos 30 cavalos em situação de maus-tratos no sítio Portal do Belém, localizado à Rodovia Sétimo Biazotto, bairro Morro Vermelho, na zona rural de Mogi Mirim. A ação ainda contou com o apoio da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) e do Grupo de Operações com Cães (GOC).
Após uma denúncia anônima, recebida na última semana, o guarda municipal e vereador, Manoel Palomino (PPS), entrou em contato com a delegacia e demais equipes policiais e organizou a operação. Na propriedade, os agentes constataram que os animais estavam subnutridos, ou seja, em más condições nutricionais, além de não terem alimentação e água nos cochos. O proprietário do imóvel, o empresário Antônio Augusto Campos Filho, de 46 anos, foi acionado até o local. Posteriormente, ele se apresentou à Polícia Civil para prestar depoimento e foi liberado.
Segundo a GCM, os cavalos passaram por uma triagem e 13 deles, em estado mais crítico, foram retirados da propriedade. Um caminhão transportou os animais para o sítio de um veterinário da cidade, que ficará como fiel depositário dos animais. O veterinário da Secretaria de Agricultura da Prefeitura, Norival Pazzeto, participou da operação e disse que vai elaborar um laudo para atestar os maus-tratos.
De acordo com Pazzeto, os animais estão em condições de abandono e de manejo inadequado, provavelmente, há cerca de seis meses. O médico ainda verificou algumas lesões nos animais. Também foi constatada a falta de higiene, e muita lama, onde os cavalos estavam abrigados. “O excesso de umidade favorece a proliferação de micro-organismos que podem causar doenças aos animais”, explicou o veterinário.
Pazzeto conferiu que alguns até chegaram a comer a madeira das próprias baias, por conta do estresse e para suprir a carência nutricional. Outra irregularidade apontada foi com relação à proximidade entre animais de espécies diferentes, o que não é recomendável. Isso porque patos, galinhas e até porcos se misturavam aos equinos. A Vigilância Sanitária ainda realizou uma vistoria na propriedade, visto que havia carcaças de veículos espalhadas pelo terreno.
Antecedente
A Guarda Municipal informou que o proprietário do sítio já havia sido autuado por maus-tratos a animais em 2012. De acordo com o tenente da Polícia Militar Ambiental, Ivo Fabiano Morais, o empresário vai responder na esfera administrativa e também por crime ambiental. “A situação de maus-tratos é evidente. Há casos aqui que não precisariam de laudo”, avaliou Morais, referindo-se ao fato de alguns cavalos estarem com o esqueleto aparente.
A multa prevista é de R$ 3 mil reais por animal, o equivalente a R$ 39 mil. A pena já foi aplicada pela Polícia Ambiental. Outras denúncias relacionadas ao local já vinham sendo feitas desde agosto do ano passado. Informações recebidas pelos guardas municipais ainda dão conta de que na propriedade há cavalos enterrados próximos a um tanque. Segundo Palomino, a Vigilância Sanitária voltará ao local para verificar a suspeita. O restante dos animais, que ficaram na propriedade, serão rigorosamente acompanhados pela Polícia Ambiental, GCM e pelo veterinário do Poder Público.
Outro lado
Em entrevista ao O POPULAR, o advogado do empresário, Benedito Antonio Silveira, disse que vai aguardar o laudo técnico para contestar as condições de maus-tratos. Silveira acredita que a operação foi arquitetada, em função das denúncias de pessoas que têm inimizade com Antônio Augusto Campos Filho, e ainda colocou em dúvida o trabalho do caseiro do sítio.
Questionado se o empresário não fiscaliza o serviço executado pelo funcionário, o advogado alegou que o proprietário está diariamente no sítio e que a magreza dos animais é da própria natureza, uma vez que a fartura de alimentação é notória. “Maus-tratos e falta de alimentação não existem aqui”, reforçou.
A mulher do empresário, que também compareceu ao local, informou que são gastos R$ 2 mil, por semana, com rações, além do feno. Quanto aos cavalos machucados, o advogado disse que é comum os animais brigarem no pasto, mas reconheceu o erro de não terem sido medicados.