
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual, e a Polícia Militar (PM) detiveram, na manhã de terça-feira, Raimundo Nilson Pereira da Silva, conhecido como Rai, de 39 anos. Segundo a PM, ele é o atual líder da da organização criminosa autodenominada Primeiro Comando da Capital (PCC), em Mogi Mirim.
A prisão de Rai, morador do bairro Santa Luzia, na zona Norte, faz parte das operações coordenadas realizadas, no início da manhã de terça-feira, no município, e em diversas regiões do Estado de São Paulo, a fim de desarticular diferentes células do PCC. A polícia informou ao O POPULAR que Rai tem passagem por tráfico de drogas, receptação e formação de quadrilha. Também foram apreendidos seis celulares, pendrives, R$ 1,4 mil e documentos.
No total, foram cumpridos 68 mandados de busca e apreensão, 42 mandados de prisão temporária e oito mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça. As ordens judiciais também foram cumpridas nas cidades de Campinas, Indaiatuba, Mogi Mirim, Rio Claro, Aguaí, Monte Mor, Hortolândia, Sumaré, Santa Bárbara D´Oeste, Piracicaba, Praia Grande, Cubatão, Itanhaém, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Bauru, Severínia, Riolândia, Ituverava e Sertãozinho.
As operações para cumprimento das ordens judiciais expedidas estão sendo executadas por policias militares e pelos Promotores de Justiça do Gaeco de maneira coordenada em todo o Estado de São Paulo. Além dos resultados práticos relacionados a cada uma das investigações, o objetivo é, sobretudo, desarticular a estrutura da organização criminosa.
Participam das operações coordenadas 20 Promotores de Justiça do Gaeco e quase mil policiais militares de diversas regiões do Estado, das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), do Comando de Operações Especiais (COE) e Corregedoria da Polícia Militar.
Apuração
As operações são resultado de investigações autônomas realizadas nos últimos meses pelos Núcleos do Gaeco de Campinas, Piracicaba, Santos e São José do Rio Preto, cada uma delas versando sobre a atuação de células regionais do PCC que operavam, dentre outros crimes, o tráfico de drogas em larga escala. Através dos respectivos procedimentos investigatórios criminais, os Promotores de Justiça do Gaeco conseguiram reunir elementos sobre a estrutura e a sistemática de funcionamento de cada uma das células investigadas.

No curso da investigação realizada pelo Núcleo Campinas, dentre dezenas de membros do PCC investigados, foram identificados dois integrantes da organização criminosa que são responsáveis pelo gerenciamento de parte das questões financeiras do grupo no interior do estado de São Paulo e pela sintonia dos gravatas. Além disso, foi identificada uma rota interestadual que era utilizada para distribuição de drogas na região de Campinas a partir de Indaiatuba.
O trabalho investigativo realizado pelo Núcleo Piracicaba permitiu a coleta de dados sobre uma célula do PCC que atuava na região, incluindo a identificação de dois integrantes da organização responsáveis pelo gerenciamento dos negócios do grupo em toda região abrangida pelo código DDD 19. Também foi possível a identificação de outra importante rota para distribuição de drogas no interior paulista.
A partir das informações produzidas pelos diferentes Núcleos do Gaeco em cada uma das investigações, com o apoio da Inteligência da Polícia Militar e suporte operacional da Polícia Militar, da Polícia Militar Rodoviária (PMR) e do Departamento de Operações de Fronteira, foram realizadas ações que resultaram na apreensão de mais de duas toneladas de substâncias entorpecentes. Ao final de cada trabalho investigativo, os Promotores de Justiça do Gaeco endereçaram aos Juízos competentes requerimentos de prisões temporárias e preventivas e de busca e apreensão.
Balanço
Até a manhã de terça, as ações coordenadas resultaram em 61 prisões e na apreensão de cerca de 2,4 toneladas de drogas, armas, veículos e dinheiro, cujo valor ainda está sendo contabilizado. Diversos flagrantes também foram lavrados. (Com informações do Núcleo de Comunicação Social do Ministério Público do Estado de São Paulo)

Laboratório Cristália está entre investigados da PF
O Laboratório Cristália está entre os alvos da operação “Boca Livre” da Polícia Federal que apura desvios de recursos federais em projetos culturais com benefícios de isenção fiscal previstos na Lei Rouanet. O Ministério da Cultura, o escritório Demarest Advogados, as empresas Scania, Roldão, Intermédica Notre Dame, KPMG, Lojas 100, Nycomed Produtos Farmacêuticos e Cecil também são investigados.
De acordo com informações veiculadas pela imprensa nacional, a investigação desarticulou um grupo criminoso que, segundo a PF, atuava há quase 20 anos desviando recursos públicos da Lei Rouanet, de incentivo à cultura. Durante esse período, ainda de acordo com a PF, o grupo conseguiu aprovação de R$ 170 milhões em projetos da Lei Rouanet.
Na manhã de ontem, 14 pessoas foram presas em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. A operação contou com a participação de 124 policiais federais no estado de São Paulo. Os presos devem responder pelos crimes de organização criminosa, peculato, estelionato contra União, crime contra a ordem tributária e falsidade ideológica, cujas penas chegam a doze anos de prisão.
A Lei Rouanet foi criada durante o governo Fernando Collor (PTC/AL), em 1991. A legislação permite a captação de recursos para projetos culturais por meio de incentivos fiscais para as empresas e pessoas físicas. A reportagem de O POPULAR não conseguiu contato com a Assessoria de Comunicação do Laboratório Cristália até o fechamento desta edição.