Uma cidade melhor, e principalmente com uma população saudável, é o desejo de todos. O problema é quando as responsabilidades que deveriam ser intrínsecas a cada cidadão são repassadas de forma oportuna ao vizinho. Com relação à dengue, cabe a nós mesmos combater o mosquito transmissor da doença, que atinge, de longe, seus índices mais extensos comparado aos anos anteriores.
O desenho é nacional. Não há sequer um cidadão que não esteja com as atenções voltadas ao minúsculo transmissor que faz um estrago tremendo no organismo escolhido. Nesta semana, Mogi Mirim alcançou 442 casos positivos de dengue. Desde o último balanço, da semana passada, o município passou do estado de emergência para epidemia. A Vigilância Epidemiológica aguarda o resultado de mais 291 pessoas que apresentaram alguns dos sintomas.
Em Mogi Guaçu, cidade que possui um porte populacional maior, os índices permanecem no mesmo patamar da vizinha Mogi Mirim. São 445 casos confirmados. Desses, cinco casos são de Mogi e dois de Campinas, que contabiliza mais de 32 mil casos. Os números e a proximidade com a cidade assustam e preocupam ainda mais.
O poder público faz a sua parte, mas de nada adianta se a população não colaborar. No último final de semana, os resultados do mutirão de dengue agradaram. Agradariam ainda mais, caso as 65 moradias que não puderam ser visitadas por motivos de recusa, tivessem moradores que se preocupassem com a gravidade da epidemia, assim como os 200 agentes e colaboradores, que dispuseram de tempo no final de semana, para lutar por algo, que em tese, seria dever de todos nós.
Mas o perigo não mora somente do lado de dentro das residências. Certamente, os entulhos, despejados em áreas públicas, que abarrotaram aproximadamente 17 caminhões, seriam ótimos abrigos para o mosquito aedes aegypti. Essa situação só demonstra a falta de orientação e ignorância da população, que parece assistir à distância uma situação propícia para culpabilizar uma conveniente omissão do Estado.
Com a chegada do clima frio, os casos tendem a diminuir. No entanto, esse vácuo entre estações deve ser utilizado para estudos de medidas eficazes para a contenção da doença, como, por exemplo, intensificar as ações já adotadas e investir pesado na orientação popular, através de lideranças comunitárias, religiosas e em estudantes. Somente assim poderemos diminuir os efeitos de uma doença presente nos quatro cantos do mundo.