Pacientes com Covid-19 podem sofrer alterações no padrão de coagulação sanguínea e, a partir disso, desenvolver tromboses arteriais e venosas e embolia pulmonar. Diante dessa constatação, pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e de outras 19 instituições de pesquisa – membros da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH) e da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) – publicaram um guia de orientações para a prevenção, detecção e tratamento do tromboembolismo venoso em pacientes com Covid-19.
A publicação, veiculada na revista internacional Hematolology Transfusion and Cell Therapy da ABHH, apresenta uma revisão de evidências médicas recentes sobre as tromboses verificadas em pacientes com Covid-19. O objetivo do material é servir de guia de orientação aos profissionais de saúde que atuam no enfrentamento da doença no Brasil. O guia pode ser acessado no site da universidade (www.unicamp.br).
De acordo com a docente do Departamento de Patologia Clínica da FCM, Fernanda Orsi – que na faculdade, trabalhou na elaboração do guia em conjunto com os docentes do Departamento de Clínica Médica, Joyce Annichino-Bizzacchi e Erich Vinícius de Paula – a prevenção da trombose é parte essencial no tratamento dos pacientes contaminados.
“As evidências mostram que, paralelamente ao quadro de síndrome respiratória aguda grave, os pacientes com Covid-19 apresentam sinais de hipercoagulabilidade e maior risco de eventos tromboembólicos arteriais e venosos, e que esses eventos também estão associados à maior mortalidade”, explica.
Dentre os principais sintomas da trombose venosa estão: dor, inchaço, alteração da coloração da pele, dificuldade de movimentação e enrijecimento da musculatura em apenas uma das extremidades do corpo. A embolia pulmonar (quadro grave da trombose) é caracterizada por dor torácica, falta de ar e respiração acelerada.
Tendo por base tais achados clínicos, o guia aborda, a partir da realidade de atendimento de saúde brasileira, temas técnicos como coagulação intravascular disseminada (CIVD) na Covid-19, monitoramento da coagulopatia, avaliação sistemática, profilaxia, diagnóstico e tratamento do tromboembolismo venoso, e manejo de pacientes em uso de anticoagulantes orais. “As orientações contidas no documento baseiam-se em literatura internacional e foram adaptadas à situação local do Brasil”, comentou Fernanda.
Fique por dentro
Observando a epidemia de Covid-19 na China, os pesquisadores verificaram que 80% dos pacientes apresentaram sintomas leves e moderados da doença; 13,8% tiveram sintomas graves como fadiga, respiração acelerada e falta de ar; e 6,1% evoluíram para quadros críticos com necessidade de internação em Unidades de Terapia Intensiva. Os pacientes críticos podem apresentar insuficiência respiratória, choque séptico e falência múltipla de órgãos. (Com informações do site da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).