A história da política brasileira com certeza vai reservar um saliente capítulo ao ex-governador cearense Cid Gomes, após a cena que perpetrou durante a semana do alto da tribuna da Câmara dos Deputados, casa que, com o Senado, compõe o Congresso Nacional.
Foram momentos de loucura, só não totalmente estranhável por terem sido protagonizados por quem foi. Cid é irmão de Ciro, que também governou o Ceará. Não nega que seja filho dos mesmos pais no quanto se assemelham em explosividade.
Cid esteve próximo de tornar-se presidente da República. O acaso ou a providência nos livrou da tragédia. E se perdeu pelo caminho por culpa de seu estilo de metralhadora verbal ou macaco em loja de cristais, que por onde passa não deixa nada no lugar. Xingou um eleitor durante uma entrevista que concedia a uma emissora de rádio, na condição de candidato ao Planalto.
Cid até que não errou por muito ao dizer que há 400 achacadores no Congresso Nacional. Lá atrás, no outro século, Lula dissera que a Câmara dos Deputados era constituída de 350 picaretas. Mas, praticou uma agressão grave à instituição.
Não satisfeito com sua proclamação, destemperada e absolutamente fora de hora, foi à Câmara dos Deputados enfrentar os leões. Simplesmente peitou os parlamentares, disse o que quis, não pediu desculpa coisa alguma e saiu da Casa expressando deboche.
Foi uma data para entrar para a história, quando a instituição foi atacada e ofendida. A instituição, não importa quem esteja lá dentro, precisa ser preservada, pois do contrário só nos restará sair armado nas ruas para resolver as coisas do modo que der na telha de cada um. É preciso dizer, claro, que os parlamentares não ajudam a preservar a reputação da instituição.
É muito relevante o fato de que Cid foi à Câmara na condição de ministro do governo. Mais do que isso: na condição de Ministro da Educação. Um paradoxo, para dizer o mínimo. E para não deixar escondido o fato de que as escolhas, em nível ministerial, são presididas pelos piores critérios, ignorado o único que deveria prevalecer: a competência.
Queriam que Cid Gomes pedisse desculpas aos deputados. Errado. Ele deveria pedir desculpas à presidente da República, pelo constrangimento a que a submeteu. Nas alturas em que o episódio aconteceu, Dilma deve ter pensado com seus botões: “que merda que eu fiz”.
Porque ela fez mesmo uma grande merda ao escolher Cid Gomes para o posto a que o guindou. Subordinou-se a condicionamentos para entregar a um aloprado um dos mais importantes ministérios da República. Ainda mais quando decidiu escolher, para seu segundo governo, o slogan de “Brasil, pátria educadora”. Já tivera experiência com Ciro, de igual nuances psicológicas. Não aprendeu.
Ah! Cid ficou tão pouco tempo no Ministério da Educação que nem deu tempo de programar uma viagem à Europa e levar junto a sogra. Deve ter levado um pito da própria.