Por mais que eu seja um desastre no sentido da atenção e esqueça constantemente as chaves, onde deixei meu celular, meus livros, até de colocar gasolina na moto (já aconteceu hehe), etc., há situações que espero não esquecer jamais. Algumas memórias de minha infância e adolescência são bem vivas, como é o caso dos primeiros contatos com os livros e, consequentemente, com a leitura. Mas, claro, o contato só existiu porque houveram pessoas que me proporcionaram o folhear dos livros e o deleite com tantas historinhas maravilhosas, que recordo até hoje. Duas pessoas foram as mais importantes neste processo, uma foi a minha avó Cecilia, que hoje tem 85 anos, e a outra, a professora Ângela Maria Cardoso, que me deu aulas na terceira série. Faz tempo viu, gente! Mas essas memórias continuam vivas e me fazem refletir sobre a importância dos exemplos e incentivos para as crianças e jovens.
Lembro que quando era pequena e ainda não estava na escola tinha o sonho de saber ler. Lembro que sempre questionava minha avó sobre a técnica utilizada: “- Vó, para ler eu tenho que pular sempre uma letra?”. Na minha cabeça de criança achava que funcionava desta maneira, juntando uma letra sim e outra não. Mas, claro, não era!
Aprendi a ler e logo minha avó passou a comprar livrinhos infantis para que eu treinasse. Lembro que o meu primeiro livro se chamava A Viagem da Sementinha, de Regina Siguemoto e Martinez. O livro tinha poucas páginas, mas no começo até juntar as sílabas, acabava demorando a terminar. Teve mais um livro que foi comprado no mesmo dia, mas desse não me recordo o nome. Mas, outro fato é que também adorava conferir as ilustrações e até hoje lembro de um desenho em que a sementinha estava pendurada numa folha voando sobre guarda-chuvas coloridos.
Outra situação e é essa que envolve a professora Ângela é que ela realizava concursos de leitura na sala de aula. Lembro que cheguei até a final e que o texto a ser lido era Marcelo, Marmelo, Martelo, da escritora Ruth Rocha. Não lembro exatamente como foi à final, lembro que tive uma crise de riso no meio da leitura e acho que fiquei em segundo lugar.
Independente do resultado, e de ter me desfeito dos livrinhos porque acabei os doando para um primo, o que não perdi foi a paixão que tenho pelos livros destinado às crianças. Tanto que nessa semana, peguei cinco livros na biblioteca do cursinho na qual sou voluntária e que são destinados aos pequenos. Me encanto com a criatividade dos escritores e dos ilustradores e um dia, quem sabe, escreverei para as crianças também. É um sonho, como era o de aprender a ler.
Obrigada, vó, pelos livros e por me incentivar a estudar e à professora Ângela por me ensinar tantas coisas.
Ludmila Fontoura é jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a Puc-Campinas, além de Historiadora e pós-graduada em História Social pelas Faculdades Integradas Maria Imaculada de Mogi Guaçu, as Fimi.