O futebol mogimiriano sempre teve a sua tradição. Atletas nascidos por aqui e que vestiram a camisa de clubes tradicionais. A lista é grande. Conta, no passado mais distante, com o zagueiro Paulo Davoli, que defendeu o Santos ao lado de Pelé. Ainda lá atrás, Luiz Carlos Guarnieri, que defendeu o Mogi Mirim Esporte Clube, o Coritiba e clubes japoneses. E no passado mais recente, tem Mauro, campeão brasileiro pelo Santos e Amaral, que atuou ao lado de Romário no Vasco e Seedorf no Botafogo. Isto para se limitar a poucos exemplos.
Atualmente, há novas histórias sendo escritas. Sobretudo, de garotos de muitos sonhos. Recentemente, Patryck Lanza dos Reis se tornou pauta recorrente, graças às convocações para o banco de reservas do time principal do São Paulo mesmo tendo apenas 17 anos. Mas, é claro que o lateral-esquerdo não é o único caso.
Felipe Santos
Felipe dos Santos Mosca é uma das joias nascidas por aqui. Hoje, brilha no Avaí. Na Série B do Brasileirão tem aparecido como titular com frequência. “É o melhor momento que eu estou vivendo aqui dentro do Avaí”. Credencia a atual situação ao seu foco, determinação e apoio dos familiares. E são muitos por aqui. Ele é filho do Bady, de passagens por clubes como Mogi Mirim, Guarani e Lemense e irmão da falecida Rose, ex-mulher de Rivaldo.
Os irmãos Tico e Douglas já jogaram pelo Amador, assim como o irmão Carlos Eduardo, inscrito na Copa de Futsal deste ano. Por falar em Amador, Felipe, com 16 anos, chegou a vestir a camisa do ABB em uma divisão de acesso do Amador local. Na formação, passagens por equipes comandadas por figuras como Aritana, Josué e Todinho.
Em 2018, após se destacar pela Esportiva Itapirense na Copa São Paulo de Futebol Júnior, se transferiu para o Avaí, onde completou a base e foi alçado ao profissional. No primeiro jogo entre os 11, diante do Confiança-SE, no dia 15 de setembro, o técnico Geninho o chamou e deu a dica. “Disse pra mim ter personalidade e fazer o que eu vinha fazendo nos treinos”.
Deixou de apenas treinar com o grupo e ser relacionado, às vezes, para o banco, para ser titular. E quer mais. Como todo atleta de 21 anos. “Se Deus quiser ser um grande jogador e ter o prazer de vestir a camisa da Seleção”. Para isso, conta com o apoio de jogadores de carreiras consolidadas, como o volante Ralf, ex-Corinthians e o meia Valdívia, ex-São Paulo. “São caras fantásticos, sempre me ajudam muito com a experiência que eles têm. Sempre falando e dando dicas importantes em dias de jogos e treinos”.
Lyncon
Outro craque da safra 1999, Lyncon Filipe Lima Evangelista também tem sua trilha a seguir no profissionalismo. Começou no futebol em escolinhas da Prefeitura, com um dos ícones da formação em Mogi, o falecido Marfim. Também foi treinado por Polaco e depois na Escola Oficial do São Paulo. Do Tricolor para a Alvinegra. Concluiu a base na Ponte Preta e chegou ao time profissional da Macaca.
Neste ano, após o término do contrato com o time campineiro, acertou vínculo com o Primavera de Indaiatuba para a disputa da Série A3 do Paulista. No Fantasma da Ituana, quer ir além. “As expectativas estão altíssimas. Todo jogador quer está atuando. Estou muito feliz que o Esporte Clube Primavera abriu essa porta para mim. E, Deus queira, que logo eu possa estar estreando”.
A Série A3 retornou no final de semana passado. A ansiedade é para vestir a camisa e garantir conquistas. “Todo jogador quer fazer história onde passa né e meu objetivo não é diferente. O primeiro foco é conseguir o acesso para a A2 e claro que sonhamos com o título e terminar essa temporada com os objetivos concluídos”. Lyncon também deve seguir no clube para a disputa da Copa Paulista. Competição que pode contar com outro mogimiriano…
Gildomar
Entre os atletas do sub23 do Corinthians, busca seu espaço Gildomar da Silva Ferreira. Nascido em 1998, assinou com o Timão em 11 de junho de 2019. A data é um marco na sua vida. E, por consequência, para todos do bairro em que nasceu: o Parque das Laranjeiras. Gil, como é chamado, não só não esquece da origem, como sabe da importância que seus passos têm para as crianças do seu ninho.
“Estar aqui é a realização de um sonho. Acho que todo menino que quer ser jogador de futebol sonha em jogar no Corinthians. E ser espelho pra criançada do meu bairro é ainda melhor. Se eu estou no Corinthians todos que têm o sonho de um dia jogar aqui podem realizar esse sonho. Basta acreditar, trabalhar e ter muita fé, que uma hora as coisas acontecem”.
Gil sabe dar tempo ao tempo. Vive o penúltimo ano do sub23 com consciência e sentimento lado a lado. Assim como Lyncon, é cria do professor Marfim. Depois, passou pela base do Mogi Mirim EC, Esportiva Itapirense, Palmeirinha e Paulista de Jundiaí. Também possui elo com Felipe, já que atuou pelo Avaí e, no ano passado, esteve no XV de Jaú.
Ele quer realizar o sonho. E ser espelho também. Algo que não podem tirar de um menino que, aos 16 anos, foi campeão e artilheiro de um campeonato sub23, em Mogi Mirim, pelo Vila Chaib.
Agora, a partir de 18 de outubro, defenderá a camisa alvinegra no Brasileiro de Aspirantes. Da Zona Leste para o mundo. O sonho continua vivo!
Pandemia
Felipe, Lyncon e Gil passaram boa parte de 2020 em Mogi Mirim. Afinal, com as atividades dos clubes suspensas devido à pandemia de Covid-19, retornaram para casa. Por aqui, um período de reflexão, mas também de treinos. “A gente ficou uns 4 meses em casa. Criaram uma plataforma de treino on-line e aí fazíamos os treinamentos em casa”, contou Gil, que recebeu as orientações da comissão técnica corintiana.
Além dos treinos monitorados, corria também e voltou ao clube sem perder muito da parte física. Felipe viveu a mesma situação com o Avaí. Pelo aplicativo zoom, executava os treinos exigidos, mas não era a mesma coisa. “Improvisava em alguns trabalhos”, revelou.
Ele sintetiza o momento como “delicado”. Afinal, muitas dúvidas estavam criadas para todos nós. “Essa paralisação foi difícil pra todo mundo. Mas, era uma situação necessária pra precaver a população”, disse Lyncon, que completou. Dúvidas sempre são complicadas e ainda mais com essa situação que inclui a saúde. Mas, graças a Deus deu uma amenizada e conseguimos retomar as atividades, com o mesmo foco e se precavendo”.
Tem mais
De acordo com o site Transfermarkt, uma das principais referências de transferências e valores de mercado de atletas profissionais no mundo, há outros nomes nascidos em Mogi Mirim atuando profissionalmente em 2020. Com 23 anos, o meia Thiago Lopes chegou a ser titular absoluto do Coritiba (PR). Revelado na base do próprio Coxa, o armador tem 18 jogos pelo clube neste ano e 111 no total.
Mais experiente, William Magrão, de 33 anos, nasceu por aqui e defendeu a tradicional e agora centenária Portuguesa na Série A2 deste ano. Volante na maior parte dos clubes que atuou, como Grêmio e Cruzeiro, foi zagueiro em vários jogos da Lusa em 2020.
Com 34 anos, Robson Simplício atuou pelo Formosa na 1ª Divisão do Campeonato do Distrito Federal deste ano. O volante já vestiu camisas de agremiações como Sampaio Correa (MA) e América (RN).
