Se o prefeito Gustavo Stupp (PDT) tem admitido a todos os interlocutores uma verdadeira disposição de moderar seu modo de administrar impulsivamente, a prática ainda não reflete sua nova postura no início do segundo ano de mandato. Suas atitudes intempestivas ainda deixam rastros profundos que abalam seu conceito pessoal, colocam em dúvida sua capacidade gerencial, oferecem combustível para os inflamados ataques da oposição e criam rusgas que abalam o relacionamento com o Legislativo.
Entre tantas decisões atabalhoadas que atingiram o primeiro ano do mandato, nenhuma persiste tanto quanto o desnecessário impasse criado com o episódio da reforma da Câmara Municipal. Disposto a abandonar o acanhado e inadequado espaço onde funciona o Gabinete doPrefeito, Stupp fez um acordo com o atual presidente do Legislativo, Benedito José do Couto (PV), que resultou em projeto aprovado na Câmara e transformado em lei. O imóvel passaria a ser ocupado pelos gabinetes dos vereadores por um período de concessão de 30 anos.
A surpresa veio na véspera do início das obras de reforma. De forma precipitada, mais uma vez, Stupp irrompeu na Câmara para comunicar unilateralmente que mudara de ideia. Estava criado um sério conflito que o prefeito ainda não avaliou corretamente. Mesmo com construtora contratada, com o impasse de o imóvel ser tombado pelo patrimônio histórico e a lei estar em pleno vigor, tudo desembocou num impasse institucional.
A afronta do Executivo não foi suficiente para mexer com os brios dos parlamentares, que silenciam sobre o caso e deixam o assunto correr, mesmo tendo as portas fechadas para o diálogo. Na sessão de segunda-feira, uma moção de repúdio ao prefeito foi rejeitada pela bancada da situação e o assunto foi varrido para baixo do tapete, sem mais perorações.
Não surpreende que os vereadores estejam se comportando com a proverbial bovina complacência. Desde há muito que a Câmara de Mogi Mirim não tem por que se orgulhar de seu desempenho. A atuação pífia da maioria dos vereadores, a complacência da oposição que não se sustenta em argumentos, antes insiste em alimentar quizílias menores, a absoluta falta de preparo de alguns edis, o desconhecimento das funções precípuas de fiscalização, tudo são detalhes para aqueles que se ocupam exclusivamente de se banhar nas benesses e pequenos favores obtidos, garantindo seus votos de curral. Enquanto isso, a população assiste estarrecida a mais um episódio lamentável da política local e paga a conta da incompetência generalizada.