A osteopenia e, num estágio mais avançado, a osteoporose, são males muito comuns, chegando a apresentar mais de dois milhões de novos casos por ano em nosso país, que afetam os ossos, tornando-os menos resistentes e mais porosos (daí o nome da doença).
Os tecidos do nosso corpo apresentam a característica de renovação celular, pois o tempo de vida de cada célula é específico, como no caso de um automóvel no qual os freios conseguem “viver” por uma quilometragem determinada. O carro, tal qual o corpo, não deixará de existir apenas devido ao fato dos freios não estarem aptos, então é prudente que façamos a troca para continuar rodando com segurança.
O corpo atua de forma similar, substituindo células que não estão aptas para continuar existindo por novas, em melhores condições, processo conhecido como remodelação. E justamente devido ao fato da atividade das células que produzem matriz óssea (osteoblastos) reduzir com o tempo, em conjunto com a atuação das células que removem/destroem a matriz óssea (osteoclastos) ter atividade aumentada, é que temos a equação que explica o motivo pelo qual os ossos vão se enfraquecendo com o passar dos anos.
A atividade física é essencial para ajudar a saúde do corpo e, no caso dos ossos, não é diferente, pois a sobrecarga produzida pelos exercícios, em especial na forma de impacto, estimula a atividade dos osteoblastos, e por consequência a maior produção de osso. Contudo é necessário estarmos atentos a alguns pontos, dentre os quais:
1 – nem todo tipo de exercícios gera impacto;
2 – o impacto gerado é específico em determinados ossos.
Um ótimo exemplo que abrange tais pontos é o seguinte: dona Maria foi diagnosticada com osteoporose no fêmur, coluna e úmero. Ela poderá obter bons resultados ósseos se praticar caminhada, pois é uma atividade que gera impacto nos membros inferiores (fêmur pertence a tal) e coluna. Contudo, se ela optar por praticar apenas atividades em meio líquido, seja natação, hidroginástica, deep running ou qualquer outra, as chances de obter bons resultados para o osso se reduz, pois as atividade aquáticas não geram o impacto que os osteoblastos tanto gostam, devido ao empuxo, força que tem sentido oposto ao da gravidade e se faz presente no meio líquido.
Ainda seguindo o exemplo da dona Maria, o úmero é um osso que se localiza no braço, e a caminhada não gera impacto em tal região. O ideal, neste caso, seria conciliar a caminhada com mais alguma atividade, como a musculação, para abranger todos os ossos afetados.
Antes que os amantes da natação e afins reclamem, nada impede que se pratique atividade no meio líquido, porém não é o ideal que se faça apenas tais tipos de atividade, pois a literatura científica vem demonstrando que são menos efetivas em casos de osteopenia e osteoporose, e casos mais extremos, como nadadores que passam várias e várias horas na piscina, que chegam a apresentar densidade mineral óssea menor que indivíduos sedentários, apenas corroboram tal afirmação.
Luís Otavio Bueno de Toledo,
E-mail: [email protected]
Personal trainer graduado pela USP (bacharel em Esporte graduado em 2012 – trabalhou na área fitness do Clube Paineiras do Morumby em São Paulo e no Clube Mogiano, em Mogi Mirim)