sábado, novembro 23, 2024
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Paciência! É melhor ter

Resolvi que hoje deveria escrever sobre uma questão abstrata, mas muito presente no dia a dia das pessoas. Trato da paciência, algo a parecer um tesouro para quem é capaz ou inevitavelmente tem que conviver com o exercício dela.

Não é coisa fácil. Às vezes, conforme avançam os anos, nos tornamos mais pacientes, compreensivos e tolerantes. Em outros casos nos transformamos na figura do Saraiva, aquele personagem humorístico criado por Chico Anísio e personificado pelo artista Francisco Milani. Ambos já falecidos, infelizmente.

Saraiva era o ‘tolerância zero’. Impaciente com coisas estúpidas.

No correr dos anos, esforço-me em não ser um Saraiva, mas confesso a impossibilidade de agir como monge ante bobagens e coisas do gênero.

O fato é o seguinte: em certa altura do campeonato, é preciso tolerar, relevar o velho, a criança, o jovem, aquele já bem velhinho que repete milésimas vezes a mesma coisa como se estivesse falando pela primeira vez. É preciso ter paciência na fila do ônibus, do banco, às vezes até do bar. Porque o mundo é assim.

E quando você se depara com aquele vigarista travestido de bonzinho? Aquele desonesto cuja qualidade está escrita na testa, mas que se faz de o melhor dos intencionados? A vontade sei eu e acho que sabem todos qual é: mandar para com todas as honras de estilo. Mas, para não transformar uma pulga num elefante, a gente acaba fazendo de conta e toca em frente.

Há exceções e certamente não serão poucas? Mas, é difícil, muito difícil sobreviver sem paciência.

É frequente ver-se nas páginas do Facebook uma expressão muito interessante: perdoar é divino, mas nada supera o prazer de mandar para o quinto dos infernos. De fato, às vezes, a explosão alivia, baixa a adrenalina. Mas, penso eu, isso não pode ser transformado em regra.

É preciso, pois, ter saco de filó. Quem quiser saber o que isso significa faça a gentileza de dirigir-se ao Google, pois não estou com saco para explicar.

Mas, além de ser ‘porque sim’, que outra razão teria me levado a estas considerações sem a menor utilidade e completamente fora de contexto, muita embora paciência seja sempre um sentimento ou uma reação inerente ao dia a dia?

Para provocar a paciência dos leitores. Como não tenho sido xingado em praça pública, acredito estar desfrutando da tolerância e, portanto, da paciência dos próprios. Ou, em outra hipótese, porque os escritos que cometo aqui não têm a menor importância e as pessoas mal passam os olhos por sobre eles.

Sendo a primeira hipótese, saúdo e sou grato a todos. Que, enfim, a paciência não tenha sido inútil.

Valter Abrucez é jornalista autodidata. Ocupa, atualmente, o cargo de Secretário de Comunicação Social na Prefeitura de Mogi Guaçu e escreve aos sábados em O POPULAR

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