sábado, abril 19, 2025
INICIAL☆ Destaque 2Padre Paiva: sessenta anos dedicados à fé e a religião em Mogi...

Padre Paiva: sessenta anos dedicados à fé e a religião em Mogi Mirim

No segundo piso da biblioteca de sua casa, localizada na Rua Santa Cruz, Clodoaldo de Paiva passa boa parte de seu tempo. Entre os livros de direito civil e canônico, os quais guarda com saudosismo, o monsenhor afirma já não ler tanto quanto antes, quando era promotor de justiça na cidade de Campinas. Foi neste cenário que Paiva contou um pouco de sua história na vida religiosa que completou ontem exatos 60 anos de ordenação sacerdotal. Ao telefone, que tocou por três vezes durante a entrevista, amigos o parabenizavam pela importante data.

Segurando o inseparável cigarro de palha, preparado por ele mesmo, o responsável pela fundação da Paróquia Santa Cruz em 1959, observa de sua sacada a Igreja que construiu, encoberta pelas árvores da Praça Tiradentes. Hoje, o homem que cursou quatro faculdades – Direito, Filosofia, Teologia e Educação –, por estar aposentado há aproximadamente cinco anos, já não visita o templo que construiu em 1985 para não invadir o espaço do atual padre responsável. No entanto, isso não é motivo de tristeza. “Não me apego às coisas. Vou embora e vou deixar tudo aqui”, justificou com tranquilidade.

igreja2
Igreja da Santa Cruz construída em tijolos na década de 1980 e que foi demolida. (Foto: Reprodução)

O dia para ele começa cedo. Se levanta, faz suas orações e ainda atende alguns fiéis que diariamente o procuram, seja para conversar, pedir orações ou simplesmente pedir a benção do religioso. “Essa é a minha vida, não posso negar isso”, afirmou. No rádio, enquanto toma banho e se troca, as notícias do Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan o informam sobre o que acontece no mundo. Na cidade, são os jornais impressos que o informam.

A vocação para ser padre foi decorrente de sua família religiosa. Um de seus sete irmãos foi padre, mas faleceu ainda jovem, com 26 anos. Nas conversas, o monsenhor revela que aceitou com naturalidade a perda de seu irmão e que tudo o que quis na vida, conquistou.

Nesta vida dedicada à fé, diversas mudanças na Igreja Católica foram vividas por padre Paiva. “Foram muitas transformações. A batina era obrigatória, os padres tinham que raspar a parte de trás da cabeça e na época do império, tinha até prisões para padres”, citou.

Hoje para ele, algumas coisas, como por exemplo, as roupas e as celebrações das missas se tornaram “menos boas”, como faz questão de ressaltar. “As mudanças são na parte humana, mas nunca na doutrina”, frisou. O fato da queda da fé em Deus parece o entristecer. “A vida moderna dificulta. Hoje a família está acabando. É o mal do mundo moderno”, finalizou.

A TRAJETÓRIA DE PADRE PAIVA

Nascido em Socorro, Clodoaldo de Paiva nasceu em 6 de abril de 1928. Entrou aos 10 anos em um seminário em Campinas e se ordenou em 6 de dezembro de 1953. Um mês depois, veio à Mogi Mirim para auxiliar o monsenhor José Nardin, que na época substituía Moisés Nora, que havia falecido. Ainda na cidade campineira, se tornou professor e responsável pelo seminário, além de assumir uma paróquia e ser professor do antigo Colégio Santa Maria, hoje, Pio XII.

Em 1959 voltou para Mogi Mirim, após convite de Nardin para fundar mais uma paróquia, a Santa Cruz, na qual faziam parte em sua maioria, fiéis moradores de sítios na região. Ao chegar, a igreja, construída em tijolos em 1957, sofreu problemas em sua estrutura, por conta da instabilidade do solo. Em 1985, foi construída a nova Igreja da Santa Cruz, feita por 120 estacas de concreto e decorada pelos tradicionais e coloridos vitrais, que permanece até hoje.

RELATED ARTICLES
- Advertisment -

Most Popular

Recent Comments