sábado, novembro 23, 2024
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Pandemia: aumento de insônia entre profissionais da saúde

Com a pandemia de Covid-19, a carga de trabalho enfrentada pelos profissionais da saúde gera preocupação quanto à condição física e mental desses profissionais. Estudo desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP analisou 4.384 profissionais da saúde e revelou que 41,4% deles apresentaram novas queixas de insônia ou piora desse quadro durante a pandemia.

O estudo também observou um aumento de 13% no número de tratamentos medicamentosos para insônia entre os profissionais. Os resultados do estudo, cujo autor principal é o professor Luciano Drager, da FMUSP, foram publicados em setembro de 2020, em versão preprint (sem a revisão de pares), na plataforma medRxiv.

A pesquisa foi de caráter transversal, isto é, os dados foram obtidos por meio de uma informação única, nesse caso, pela aplicação de questionário online em junho de 2020, com abrangência em todas as regiões, realizado pela Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS).

Os participantes tinham em média 44 anos de idade, 76% eram mulheres e 53,8% médicos ou médicas, entre enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos etc. Entre eles, 55,7% estavam atuando nos cuidados de pacientes com covid-19 e 9,2% informaram já ter caso de infecção pelo vírus.

Os participantes foram questionados sobre seus estados de saúde, com destaque para distúrbios de sono, ansiedade e estresse por exaustão física e mental no trabalho, estado crônico mais conhecido pela síndrome de Burnout. “Nosso interesse foi verificar se havia prevalência de insônia, ansiedade e Burnout nos profissionais de saúde com a decorrência do cenário pandêmico”, conta Claudia Moreno, coautora do estudo, professora da FSP e vice-presidente da ABMS.

“Os resultados demonstram que os profissionais de saúde já estavam sofrendo os efeitos da pandemia após poucos meses de trabalho, o que significa que hoje, um ano depois, a situação deve estar agravada”, diz Claudia Moreno. Entre os entrevistados, 1.817 (41,4%) relataram novas queixas de insônia ou piora do quadro que já possuíam, em paralelo; 572 (13%) relataram iniciar novos tratamentos com uso de medicamentos para insônia.

“O não atendimento da necessidade de sono tem efeitos a curto, médio e longo prazo para a saúde”, afirma a pesquisadora. De acordo com ela, o sono adequado, tanto em relação à sua duração quanto ao momento em que é realizado, é uma necessidade fisiológica do organismo. Um dia que um médico fica em privação de sono já é suficiente para gerar alterações do humor e dores de cabeça. Os sintomas se agravam em casos de privação de sono crônica. “Nesses casos podem ocorrer problemas mais graves de saúde, como gastrintestinais, cardiovasculares, distúrbios de saúde mental, dentre outros”, completa.

Os dados mostraram que, durante a pandemia, a ansiedade prevalecia em 44,2% dos entrevistados e Burnout em 21% deles. Alguns fatores se mostraram “protetores” para novas queixas e piora da insônia, como aumento da renda; ser psicólogo(a) ou fisioterapeuta (em relação trabalhos administrativos); atender em consultório ou clínica e ter tido aumento na jornada de trabalho. A explicação para esse último pode estar no adormecimento rápido em função da própria redução do sono e de sua qualidade, gerada pelo aumento na jornada. (Com informações do Jornal da USP)

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