Já são 5 da tarde e os primeiros beneficiados começam a se aproximar da casa número 30 da Rua Benedito Luiz Eufrozino, no Residencial Floresta. É uma terça-feira.
“Nossa, como ajuda, viu. Tudo que é dado, pra nós que é pobre, é bem vindo”, faz questão de agradecer dona Zilda dos Santos Silva, de 66 anos, moradora do Planalto. “Ajuda a gente a não passar fome”, emenda Terezinha Francisco, 61 anos, vizinha da Zilda.
As duas foram uma das primeiras a bater no portão da assessora comercial e futura assistente social Claudia Lilian Augusto, de 38 anos.
Sempre por volta das 5 da tarde, duas vezes por semana, geralmente terças e quintas ou segundas e quartas, a mãe de Ana Livia e Victória cumpre um importante papel social – matar a fome de dezenas de vizinhos. São 200 litros de sopa, divididos em marmitex de 1,2 litro, distribuídos toda semana. Desde março, quando começou a pandemia do novo coronavírus.
“Iniciei o projeto com uma vizinha. Começamos com 70 litros para ajudar famílias afetadas pela Covid-19. Desde abril, minhas filhas me ajudam a matar a fome de muita gente. É um gesto simples, mas que faz muita diferença pra quem precisa”, comentou Claudia.
Todo o material fornecido é resultado de doação de pessoas de bem, inclusive de fora da cidade. Claudia não tem ajuda do Poder Público. E ela não é candidata a nada nestas eleições.
As sopas são feitas com carinho, sempre com a ajuda das suas pequenas. E levam cerca de quatro horas pra ficarem prontas. “Antes de ganhar o fogão industrial levava bem mais que isso. Gosto de preparar tudo com carinho e servir bem perto das 5 da tarde, que é para o pessoal levar as marmitas bem quentinhas”, disse.
A Claudia da Sopa, como começou a ser chamada no bairro, tem um cardápio variado. Cozinha polenta com frango, canja, macarronada com salsicha, sopa de macarrão com legumes e carne, que são as mais tradicionais.
O amor ao próximo se materializa também na doação mensal de cestas básicas para 43 famílias carentes da cidade. Tudo com doações de terceiros. São 19 doadores, ao todo.
ONG
Seu maior sonho é montar uma ONG no bairro para tirar crianças e adolescentes das ruas, principalmente, meninas. Claudia pretende atrair esse público com cursos de qualificação profissional, visando o primeiro emprego, café da manhã, almoço e café da tarde. A julgar pelo tempero da dona Claudia, negócio feito.