Os Jogos Olímpicos são muito mais que um amontoado de esportes no qual atletas competem para ver quem tem o melhor desempenho em uma modalidade. É um evento propulsor de cultura, de interação social, de troca entre povos buscando evolução e de inclusão pela universalidade.
Dificilmente você vai encontrar um esportista olímpico que não tenha para te contar uma mudança na sua vida provocada pelas janelas de oportunidade que o esporte abriu. O esporte é isso. Oportunidade. Os jogos são um grande encontro de pessoas que sonharam, escreveram sua história de um jeito especial e transforaram sua realidade.
O mundo inteiro se transforma em um grande auditório para aplaudir algumas das imagens mais emocionantes que podemos ver. Mesmo quem não acompanha as competições do cotidiano, costuma parar para dar uma olhadinha naquela que mais lhe agrada. Uma parte da magia é exatamente essa. Não existe rejeição. Não há espaço para o ódio. Para o conflito bobo que muitas vezes deixamos tomar conta de nós. Aflora o bom patriotismo. Aquele da identificação com seu semelhante. Aquele que te faz torcer e vibrar pelo outro e pelas conquistas de quem batalhou muito e chegou lá. O patriotismo que não tem nada a ver com defesa e soberania e sim com sentimento de participação e generosidade.
Transportando para a realidade brasileira, infelizmente, quando um atleta consegue a tão esperada medalha, ele quase que imediatamente é alçado à posição de herói. Não que não mereçam ser reverenciados. Ao contrário. E como merecem. Mas não era para ser assim. O caminho para o esporte deveria ser mais simples e menos dolorido.
As crianças, os seus filhos, deveriam ser estimulados a buscar esse caminho. Mas não apenas pela família que faz das tripas coração para ver a felicidade nos olhos de quem sonha em ser feliz fazendo o que gosta. O esporte deveria ser política de estado. Prioridade dos governantes e dos municípios. O suporte da iniciativa privada é bem-vindo e necessário. Mas não há como fazer sem vontade política e comprometimento com a causa.
Dois dos atletas mais comemorados do país nesses jogos estão sendo Rebeca Andrade, campeã da prova de saltos da ginástica artística, e Alisson dos Santos, medalhista de bronze do atletismo, nos 400 metros com barreira. O que eles têm em comum? A origem em projetos sociais. A ginasta em uma iniciativa da prefeitura de Guarulhos, no ginásio municipal.
Alisson deu seu start em um instituto criado pelo ex-atleta Edson Luciano, com apoio das leis de incentivo, que são tão execradas por alguns. Se não fossem essas iniciativas, não sabemos o que seria dos dois e de tantos outros. E se projetos como esses fossem multiplicados por 10? Quantos mais teríamos? Centenas. Milhares! Se você acredita nessa transformação, faça sua parte e cobre de quem pode e deve fazer mais.